Iniciante

Os desafios atuais da imigração no Brasil

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Em um episódio da série “First Party”, produzida pela Netflix, é retratado o drama da vida de um imigrante marroquino que, após perder a família e as fontes de renda por causa de conflitos civis no seu país de origem, tenta recomeçar a rotina na Inglaterra. Ao longo da trama, a narrativa revela os percalços financeiros enfrentados pelo protagonista, o qual é rechaçado pela sociedade britânica e muitas vezes passa por situações que envolvem o constrangimento moral e a violência física. Fora da ficção, fica claro que a realidade apresentada na série pode ser relacionada àquela do Brasil contemporâneo: os desafios presentes no fenômeno da imigração se constituem do preconceito enraizado no tecido social e da vulnerabilidade socioeconômica dos imigrantes.

Primeiramente, é importante destacar que o pensamento xenofóbico praticado por uma parcela da população brasileira cria entraves para o processo imigratório. Segundo o filósofo e cientista social Herbert Marcuse, integrante da Escola de Frankfurt, a indústria cultural é uma parte dos grandes meios de produção capitalista destinada a infundir a ideologia burguesa no inconsciente coletivo da classe proletária. Nesse sentido, percebe-se o repasse de ideias, do opressor ao oprimido, na produção de filmes “hollywoodianos”, em que estrangeiros de origem latino-americana ou descendentes dessas pessoas são representados como tendo baixa inteligência ou pouca competência profissional. Tal fato, faz com que o imaginário popular seja moldado por uma falsa imagem desses indivíduos dentro do nosso próprio território. Assim, é patente que a intolerância presente na sociedade gera problemas para a imigração.

Além disso, por causa do preconceito analisado, há a má qualidade de vida das pessoas que cruzam as fronteiras tupiniquins em busca de um futuro melhor. Em uma campanha motivada pelas consequências sociais da pandemia da Covid-19 no Brasil, o cantor Gilberto Gil diz “dá o ‘de comer’ a quem tem fome”. Essa frase, carregada de significados, tem muito a dizer acerca da dinâmica socioeconômica vivenciada pelos imigrantes em solo nacional. De acordo com o último censo geral do IBGE, realizado em 2010, dos 1,5 milhões de estrangeiros residentes do Brasil, ilegais ou não, 89% não possuem moradia fixa. Nessa mesma pesquisa, consta que 90% desses indivíduos não possuem trabalho fixo. Logo, nota-se o problema da qualidade de vida como sendo um obstáculo para um processo migratório mais eficiente.

Portanto, é mister que sejam tomadas providências para amenizar o quadro atual. Para lidar com a intolerância xenofóbica na sociedade brasileira e diminuir os seus impactos, urge que o Ministério da Educação e da Cultura implemente, por meio de alunos e professores das várias instituições educacionais espalhadas pelo país, campanhas publicitárias que conscientizem a população a respeito do valor das diferenças. Não só, o Ministério do Desenvolvimento Regional deve conceder, mediante organização da agenda orçamentária anual, benefícios fiscais às empresas que reservem uma porcentagem mínima de seu quadro de funcionários para imigrantes e refugiados, com o intuito de promover o status social dessa classe mais vulnerável. Somente assim, será possível que não nos tornemos uma ficção da Netflix.

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1 Correção

  1. EU gostei muito da sua redação, está perfeita e digna de nota mil.

    eu poderia avaliar cada competência, mas não acho necessário porque você foi bem em todas elas, tenho somente uma sugestão que acho que auxiliaria para tornar melhor sua estrutura.
    – se você dividisse os parágrafos, deixando-os menores, poderia “dividir a ideia” sistematizando bem seu ponto de vista e argumentos.

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