Origens e consequências da precária educação financeira no Brasil

No livro “Quincas Borba”, o autor Machado de Assis retrata a relação problemática entre o homem e o dinheiro, por meio da vida de Rubião. Na narrativa, ao herdar uma alta quantia, o protagonista sustenta um estilo de vida de alto padrão, que rapidamente acaba. Semelhante à obra machadiana, hoje, a deficiência da educação financeira tem sido evidenciada, haja vista a quantidade de cidadãos acometidos por tal dificuldade. Desse modo, nota-se que tal situação se deve, principalmente, ao deliberado incentivo externo ao consumo, e à baixa discussão acerca disso, no ensino básico. 

Nesse contexto, ressalta-se que, na sociedade contemporânea, muitos indivíduos obtêm elementos supérfluos, devido, essencialmente, à influência midiática. Esse evento decorre da Terceira Revolução Industrial, período em que, com o aumento da produção, estimulou-se também o aumento do consumo, através dos novos meios de comunicação, que realizam constantes propagandas. Consequentemente, muitas pessoas não suportam essa “pressão” e cedem à vontade dos produtores, no entanto, endividam-se para conseguir arcar com o custo. 

Além disso, um importante fator limitante para os indivíduos caírem nessas “armadilhas”, é a baixa adesão do ensino financeiro nas escolas nacionais. Isso deriva da negligência quanto a essa disciplina perante as outras já vigentes. Como reflexo, há uma tendência constante de problemas relacionados à capital no país, uma vez que, os estudantes não são preparados para lidar de forma adequada com ele. A exemplo disso, cita-se que, o número de famílias com crianças que conseguem manter o atual estilo de vida após o período de um ano, desempregados, é 20% maior naquelas em que os filhos recebem educação financeira na escola, segundo dados da Associação Brasileira dos Educadores Financeiros. 

Portanto, urge-se que a situação mude. Para isso, o Governo Federal, em parceria com o Ministério da Educação, deve adicionar a disciplina de educação financeira ao currículo nacional do ensino básico, através de discussões estatais. Dessa forma, os brasileiros enfrentarão menores adversidades para lidar com suas finanças e maior resistência a possíveis interferências, diferentemente do personagem de Machado.