“Oportunidades desbalanceadas” (Tema: A crise hídrica em questão no Brasil)

Na mitologia grega, o herói Hércules é convocado para limpar os insalubres estábulos pertencentes ao rei Aúgias, completando a tarefa ao desviar um rio próximo a eles. Fora da ficção, o contraste com a sociedade brasileira ainda é grande, já que a mesma não dispõe de recursos hídricos para sanar plenamente suas necessidades. Para resolver isso, é necessário discutir o problema da má utilização da água em ambientes rurais e os impactos dessa carência para os indivíduos mais vulneráveis.

Sob esse viés, é visível o uso inadequado desse mineral líquido na contemporaneidade tupiniquim. Acerca disso, o documentário estadunidense “Cowspiracy” retrata a realidade danosa da produção agropecuária, a qual despende cerca de 2.500 litros de água para fornecer somente um quilo de carne de boi. Paralelamente ao Brasil – 2º maior produtor de rebanhos bovinos do mundo -, nota-se que as mesmas questões discutidas pelo longa-metragem fazem parte da realidade brasileira, pois a falta de cuidado continua ao consumir esse bem natural na criação de gado. Em decorrência disso, uma reportagem do “G1”, de 31 de maio de 2021, mostra que 39,2% da água potável nacional é desperdiçada, bem como a porcentagem de 34% referente às perdas na região Centro-Oeste – polo da pecuária no país. Assim sendo, tais excessos culminam na falta desse bem precioso para aqueles que mais necessitam, os quais precisam procurar novos meios de se sustentarem.

Por conseguinte, a indisponibilidade da água afeta majoritariamente as pessoas pobres em situação de risco. A fim de denunciar tal desamparo, o escritor alagoano Graciliano Ramos publicou “Vidas Secas”, obra a qual mostra a difícil jornada de uma família de retirantes em meio a seca no sertão nordestino, e as agruras da fome e do desamparo a que estão submetidos. Em consonância com a literatura, muitos núcleos familiares sofrem as consequências da falta de água, e são forçados a migrarem para regiões com maior oferta desse líquido para sobreviverem. Logo, o índice socioeconômico é um fator preponderante a temática, uma vez que melhores condições de vida oferecem aparatos para salvaguardar os cidadãos dessas urgências. Dessa maneira, é essencial a conscientização dos setores da sociedade que mais utilizam esse recurso, principalmente para garantir os direitos básicos da população.

Em suma, medidas cabíveis devem ser tomadas, no intuito de impedir as consequências deletérias das crises hídricas. Essa iniciativa, a partir da mídia – a exemplo do rádio, televisão e redes sociais -, deve veicular propagandas no horário nobre mostrando as ações sustentáveis de consumo de água por parte de diversos produtores rurais brasileiros, por meio de parcerias público-privadas que visem mudanças positivas dos hábitos do ramo agropecuário nacional. Além disso, o Ministério da Economia deve criar um programa social denominado “Água para todos”, com o fito de ajudar financeiramente as famílias em estado de miséria a suprirem suas necessidades básicas, fazendo uso das verbas de emendas parlamentares para esse fim. Somente assim, a abundância experimentada por Hércules poderá ser parte do cotidiano atual, e todas as necessidades serão finalmente sanadas.