Ocupação e uso dos solos no Brasil: problemas e soluções.

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O rompimento da barragem no município mineiro de Mariana, em 2015, sinalizou a ocupação antrópica do solo sem a ponderação dos riscos. Nesse contexto, as mazelas ambientais resultantes dessa catástrofe perduram na hodiernidade, como o desequilíbrio da fauna e da flora hídrica. Diante desse cenário, convém analisar os perigos do avanço das fronteiras agrícolas e as moradias irregulares urbanas motivadas pelas disparidades sociais.

Em primeira análise, o caráter agroexportador brasileiro, oriundo dos ciclos desenvolvimentistas da cana-de-açúcar e do café, condicionou o agronegócio como primordial contribuidor para a economia nacional. Entretanto, a utilização excessiva de maquinários, de insumos agrícolas, como os fertilizantes e os agrotóxicos, e a ampliação das zonas agrícolas potencializam a escassez produtiva do solo e o seu consequente empobrecimento. À vista disso, segundo o líder pacifista indiano Mahatma Gandhi, a natureza suprirá todas as necessidades humanas, menos a sua ganância. Dessa forma, a constante visão lucrativa e exploratória humana deverá ser mitigada em prol da permanência da biodiversidade.

Ademais, verifica-se que a modernização do campo dificulta a permanência da agricultura familiar. Nessa perspectiva, a migração para a zona urbana é constante. Todavia, com a elevada especulação imobiliária, típica das grandes cidades, essas famílias tendem a se instalarem em locais inapropriados, isto é em submoradias, regiões íngremes passíveis de deslizamentos. Sob esse viés, as ideias do geógrafo Milton Santos explicitam as causas da ocupação irregular, uma vez que, para o geógrafo, as segregações urbanas evidenciam o agravamento das disparidades socioeconômicas.

Depreende-se, portanto, que o avanço fronteiriço agrícola e as moradias irregulares intensificam a problemática. Para superá-la, cabe ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, órgão responsável pelo desenvolvimento agrícola baseado na conservação ambiental, fiscalizar a qualidade do solo das regiões brasileiras que apresentam expansão de suas terras, por meio de técnicas de sensoriamento remoto que explicitem as áreas, a fim de sancionar diretrizes de manejos dos solos, como o controle biológico em detrimento dos agrotóxicos. Além disso, o Ministério deve investir no pequeno agricultor para evitar possível estabelecimento em áreas de risco. Destarte, a ganância, assinalada por Gandhi, será controlada.

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1 Correção

  1. Olá, boa noite Morgana!
    A sua colocação com relação ao rompimento da barragem de Mariana é pertinente ao tema, porém em minha humilde opinião além de ter citado os resultados que trouxe poderia também ter focado no uso do solo relacionando ao uso mineral, que foi o ocorrido.
    E indo de encontro ao seu primeiro argumento no desenvolvimento, no todo acho correto as suas colocações da terra até a mesma se tornar incapaz de plantio, porém poderia ter colocado todo aquele ciclo que vêm ocorrendo no Brasil, do uso do solo inicialmente para plantação, até se tornar “inútil” para este fim, e depois colocação do gado, até o mesmo se tornar infértil pelo fato de ser pisoteado constantemente pelo animal, até a área cair em desuso, no qual faria todo o sentido já que de forma silenciosa vem ocorrendo na floresta amazônica.
    E no segundo argumento, um paragrafo excelente, mas inicialmente poderia ter contextualizado o momento histórico que ocorreu a especulação imobiliária que foi com Getúlio Vargas, em função do plano de crescimento do país por pressão exteriores.
    E na conclusão, grande parte do problema foi solucionado visando a proteção e bom uso de terras agrícolas, porém com relação á áreas de riscos ocupadas por pessoas por não terem outras opções, creio que não foi totalmente desenvolvida por simplesmente citar a ação de algum agricultor na área. Mas e as pessoas que são marginalizadas da sociedade ? Colocar um agricultor na área evitando a ocupação, tendo em vista uma parcela que simplesmente não tem onde se estabelecer, qual demanda desenvolver?

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