Obsolescência programada: uma armadilha para o consumidor e o meio ambiente

“Ai que vontade de tacar meu celular na parede”. O trecho extraído da música “Baby, me atende”, dos cantores Matheus Fernandes e Dilsinho, revela a banalização dos aparelhos tecnológicos pela sociedade. Tal como na melodia, a substituição desenfreada de produtos eletrônicos atrelada ao seu descarte irregular impera no contexto atual. Isso se evidencia não só pela postura capitalista das empresas, mas também pela influência midiática.

Sob esse viés, convém analisar de que maneira o comportamento capitalista do empresariado influencia no entrave. Nessa conjuntura, de acordo com Karl Marx, sociólogo alemão, o capitalismo prioriza o lucro em detrimento dos valores. À luz dessa perspectiva, com o objetivo de lucrar, as empresas do setor tecnológico criam atualizações periódicas para os seus aparelhos que, em um curto período de tempo, se tornam obsoletos para a demanda nacional, gerando, desse modo, o consumismo vicioso moderno. Ademais, em razão do baixo custo e abundância, recursos tóxicos e poluentes são os mais utilizados para a fabricação de computadores e “smartphones”. Por conseguinte, dominada pelo lixo tecnológico proveniente dessa obsolescência, a natureza se torna um espaço altamente degradado.

Outrossim, é válido destacar que o ser humano é influenciado por tudo aquilo que ouve e vê. Nessa lógica, a difusão de propagandas nos meios de comunicação revela a tendência do espectador à adesão ao “Ciclo do Consumo” que – propagado a partir da 3ª Revolução Industrial – privilegia a troca frequente de aparelhos e não gerencia os recursos finitos do planeta. Um exemplo disso é a empresa norte-americana “Apple” que veicula nas mídias, anualmente, anúncios de novos modelos celulares, cada vez mais caros e com poucas melhorias em relação às versões anteriores. Assim, o “marketing” instaurado fomenta a demanda tecnológica descartável e, paralelamente, gera grandes impactos ambientais.

É urgente, portanto, que o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações atue no desenvolvimento e na produção de tecnologias duráveis e sustentáveis, a exemplo de celulares com baterias biodegradáveis. Isso poderá ser feito por meio do direcionamento de verbas do Governo Federal aos servidores públicos que atuam nas pesquisas de ordem tecnológica. Essa iniciativa terá a finalidade de incentivar o consumo consciente e mitigar os efeitos desastrosos da obsolescência programada para o meio ambiente. Além disso, cabe aos veículos informativos, especialmente a televisão e a “Internet”, priorizar anúncios de produtos com garantia de alta duração e qualidade, com o fito de frear o “Ciclo do Consumo” e garantir uma realidade oposta a canção “Baby, me atende”.