O trabalho na construção da dignidade humana

(Obs: essa redação contém 30 linhas na sua versão manuscrita.)

Na antiguidade romana e grega o trabalho era algo destinado a quem não possuía dignidade, só trabalhava quem era escravo ou quem não tinha tempo para ociosidades. Entretanto, na contemporaneidade, ocorre o contrário; foram criados estereótipos e comportamentos a fim de que o homem não tenha tempo para o ócio, e tais ações levaram a sociedade a conviver com situações alarmantes e retrógradas. Sendo assim, urge a análise e a resolução desses entraves para que o trabalho seja um dos meios de construção, e não de destruição, da dignidade humana.

Em primeira análise, é evidente a conservação e a perpetuaçao de rótulos e padrões obsoletos que relacionam o trabalho a qualidade moral que infunde respeito. Nessa pesperctiva, durante a Primeira República, foi criada uma lei que criminalizava o ato de vadiagem em espaços públicos, assim, aqueles que não trabalhavam eram considerados malfeitores. Sob essa ótica, constata-se que atitudes semelhantes continuaram a ser introduzidas na sociedade, o que moldou o comportamento do cidadão a acreditar que seu valor está relacionado ao seu emprego, e/ou a sua remuneração. Desse modo, com a concepção de que “o trabalho enobrece o homem”, o ter em detrimento do ser é a regra a ser seguida, levando a comportamentos que são o contrário do conceito de dignidade.

Em consequência disso, e atrelado ao desemprego, muitos são obrigados a aceitar empregos duvidosos para conseguir seu sustento e não serem menosprezados pela sociedade. Nesse sentido, explora-se a minoria e o desespero do indivíduo sem meios de subsistência própria, que ludibriados com promessas de melhores condições de vida, sujeitam-se a trabalhos degradantes e, até mesmo, análogos à condição de escravidão. Desse modo, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 40 milhões de pessoas foram submetidas a algum processo de escravização moderna, somente em 2016. Dessa forma, com pessoas tendo que se agarrarem a condições tão deploráveis, fica nítido que o trabalho em sua individualidade não é capaz de construir e sustentar a dignidade humana como um todo.

Verifica-se, então, a necessidade de implantar meios para que o trabalho não seja um instrumento que leve a situações indgnas. Para isso, faz-se imprescindível que cada Estado e/ou município, seja responsável por criar programas de estágios, ou de Jovem Aprendiz, para que os indivíduos não fiquem a mercê de condições imorais. Faz-se necessário também, que o Governo Federal em parceria com a mídia, faça campanhas de divulgação do Disque Denúncia para situações de trabalho escravo, a fim de que, gradativamente, tais circunstâncias sejam finalmente abolidas. Somente assim, o trabalho poderá ser um verdadeiro alicerce na pirâmide que constrói a dignidade humana.