O TRABALHO ESCRAVO NOS DIAS DE HOJE

Em 1888, no Brasil, foi assinada pela Princesa Isabel a Lei Áurea – um documento que tornava ilegal a prática de escravidão. Porém, tal ação não acabou de vez com esses atos em território brasileiro, uma vez que casos relacionados ao trabalho análogo à escravidão ainda são noticiado em pleno século XXI. Esse entrave possui como causa não só a falta de debate sobre o tema, mas também à carência educacional que se faz presente no corpo social. Logo, é inadiável que ações sejam tomadas para mitigar esse quadro.

Em primeira análise, é importante destacar a lacuna discursiva, no âmbito social, sobre o trabalho escravo contemporâneo. Nesse viés, o grande poder de mobilização das redes sociais, como Twitter e Facebook, não está sendo usado corretamente, visto que muitos indivíduos não possuem noção da existência de lugares que servem como cativeiro para atividades escravistas. Sob o mesmo ponto de vista, o monge Mahatma Gandhi afirmava que temos de nos tornar a mudança que queremos ver. Assim, para que haja a modificação desse quadro, hodiernamente, é necessário que o assunto em questão seja debatido em meio social, para que as autoridades responsáveis deem mais importância nesse combate.

Ademais, cabe citar a carência educacional, em território brasileiro, como uma das raízes da escravidão. Nessa perspectiva, o escritor Antônio Lobo Antunes defendia a ideia de que um povo que lê nunca será um povo escravo. Evidencia-se, dessa forma, o poder libertador da educação na vida de uma sociedade, dado que um indivíduo ciente historicamente saberia identificar um ambiente de trabalho onde a servidão é explorada ao máximo. Entretanto, é importante lembrar que os escravos libertados após a assinatura da Lei Áurea, não tiveram nenhum apoio – seja educacional, moral ou financeiro – daqueles que eram seus “donos”, resultando, nos dias de hoje, em uma desigualdade educacional entre os cidadãos brasileiros.

Portanto, o debate deve ser incentivado e a educação oferecida para todos, sem distinção. Para que isso ocorra, urge que o Ministério da Cidadania, em parceria com o Ministério da Educação e Cultura, coloque em pauta discursiva as práticas de serviços análogos à escravidão, por meio de campanhas que mostrem que os costumes escravistas ainda existem – esse projeto terá que expor dados, imagens e números para denunciar. Tal projeto possui como finalidade incentivar a discussão de ideias para extinguir essas ações exploratórias. Ainda no mesmo plano, essa campanha deverá ser veiculada não só nos meios midiáticos, mas também nas escolas – com o intuito de conscientizar os alunos acerca desse ato desumano. Feito isso, os cidadãos terão noção do quão urgente é a necessidade de mudança desse quadro juntamente com a completa extinção dessa nefasta atividade.