O tartarugal da ciência

Monteiro Lobato, um dos autores mais polêmicos do pré-modernismo, disse ao voltar dos Estados Unidos que o Brasil não passava de um “imenso tartarugal”. Fala que foi polêmica à época, mas encaixa perfeitamente em nossa atualidade quando falamos sobre os investimentos em ciência, seja pela incapacidade administrativa, seja pelo desapreço de nossa sociedade para essa questão.

Torna-se cada dia mais evidente a incapacidade em administrar recursos para a ciência, com um investimento que não supera 1% do PIB, os pesquisadores fazem milagres e conseguem deixar o Brasil na 13ª posição no ranking de produção científica, mas, com os novos cortes nos órgãos de fomento à ciência como o CNPq e a Capes, ambas criadas no segundo governo de Getúlio Vargas e amplamente expandidas durante o regime militar, fica impossível dar continuidade a pesquisas.

Estranhamente, em nossa democracia há uma extrema perseguição aos setores pesquisadores, e não existe nenhuma revolta populacional sobre isso. A falta de reconhecimento da comunidade científica  brasileira pelos próprios compatriotas só evidencia a falta de interesse, principalmente nas escolas, onde os jovens não aprendem o real valor dessa matéria para a sociedade.

Portanto, a falta de investimentos é algo comprometedor as gerações futuras. Sendo assim, cabe ao Governo Federal aumentar a porcentagem de incentivo a pesquisas de acordo com o PIB. Ainda cabe a escola a realização de palestras e debates sobre o verdadeiro valor científico. Ademais, cabe a sociedade a preocupação com a educação, ouvindo propostas de candidatos e verificando se estão sendo cumpridas. Assim, podendo tirar o Brasil do “imenso tartarugal” e mostrando a Monteiro Lobato 100 anos depois que ele estava errado.