Oscar Wilde, escritor e dramaturgo inglês, viveu permeado de censuras em sua vida pessoal e suas obras, sobretudo O Retrato de Dorian Gray, a qual precisou ser mudada por ofender a sociedade vitoriana sob acusações de imoralidade. O livro, que muito discorre sobre a arte enquanto representação do belo perfeito sob a imagem de Dorian Gray, é um exemplo de como a liberdade é frágil se fere o tradicionalismo e a ideologia dominante. A defesa de limites para a arte esconde a moralidade de um corpo social que, assim como o protagonista de Wilde, prefere manter sua aparência que aceitar que o tempo o envelhece.
Á vista disso, a História comprova que as inovações geram movimentos contrários de conservação em resposta. Analogamente, o autor Monteiro Lobato — embora fosse um pré modernista, afastando-se da rigidez das escolas literárias oitocentistas — assumiu uma postura de combate a renovação artística do modernismo de Anita Malfatti com sua crítica “paranóia ou mistificação”. O escritor de “Sitio do Picapau Amarelo” além de defender a pureza da arte, defendia a racial, ao simpatizar com o grupo violento Klux Klux Klan, o que demonstra que seu conservadorismo artístico ocultava suas ideias agressivas contra a mudança do século XX. Nesse sentido, o tradicionalismo é um sintoma daqueles que não aceitam a modernidade das ideias.
Além disso, a arte pode ser definida enquanto expressão dos sentimentos humanos, um crime para governos de ideologias ditatoriais, capazes de censurar qualquer forma que possa viabilizar um desejo popular por liberdade. A música “Cálice” de Chico Buarque utiliza de metáforas religiosas em um grito de socorro contra a Ditadura Militar brasileira, responsável por calar, torturar e matar “subversivos”. Sob essa ótica, a luta da sociedade civil pela Constituição de 1988 não pode ser sufocada pela tentativa de sobrepor um conjunto de preceitos inconstitucionais sobre a arte. “Mesmo calada a boca, resta o peito”, da mesma forma, ao silenciar manifestações artísticas o desejo por expressar-se permanece e não silencia-se apesar da moralidade do grupo dominante.
Dessa forma, o desejo por limitar a arte é uma demonstração do controle que o conservadorismo busca ter sobre os sentimentos e emoções que tornam os indivíduos humanos. A liberdade de expressar-se artisticamente não isola a possibilidade de receber discordância e é justamente a pluralidade de ideias que deve ser defendida em um sistema democrático. Calar a arte é retroceder para uma época em que a moral e os bons costumes poderiam mandar artistas para a prisão — como o caso de Oscar Wilde.
MrKauanBr
Sua redação está acima da média, porém no desenvolvimento 1 “Á vista disso,” a letra “A” deveria estar em crase, mas usaste acento agudo(´). E nós usamos o teclado, por isso este já “passa” para a próxima linha, contudo na redação deve-se ir até o final(eu não gosto de escrever no teclado, por esta causa).