O preconceito sofrido por homossexuais na doação de sangue.

  O Brasil desperdiça por ano mais de 18 milhões de litros de sangue por preconceito contra homossexuais. A fim de combater esse problema, em 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a restrição que determinava que gays só poderiam doar sangue caso estivessem sem praticar sexo com outro homem nos últimos 12 meses. Certamente, o preconceito sofrido por eles na doação de sangue é consequência da epidemia de Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) de 1980, que resultou o estigma de transmissores de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e a restrição de doação de sangue.

  Em primeiro lugar, é importante destacar que qualquer pessoa pode ter chance de contrair o HIV (vírus causador da Aids), basta ter relação sexual desprotegida com alguém infectado. Em virtude de na época os homossexuais tenderem a não usar preservativo (que previne além de gravidez,  ISTs), logo se tornaram a maioria dos infectados. Nasceu assim neles, o estigma de transmissores de Infecções Sexualmente Transmissíveis, que é preconceituoso e não se sustenta mais, visto que os heterossexuais representam 68% dos portadores de HIV e os tempos são outros: a informação é mais disseminada, o uso de preservativo é incentivado e existem remédios e tratamentos para as infecções. Logo, não há mais espaço para essa associação.

   Ademais, vemos que a restrição de doação de sangue por homossexuais só afirmava a associação errônea e o preconceito por parte dos próprios órgãos de saúde, uma vez que qualquer pessoa poderia transmitir ISTs por meio da doação de sangue. Dessa maneira, para que a transmissão não aconteça, todos os sangues passam por uma série de testes antes de serem utilizados, o que não acontece com os dos homossexuais, que nem são coletados, ou se são, vão direto para o descarte. Segundo Voltaire, escritor e filósofo francês, o preconceito da raça é injusto e causa grande sofrimento às pessoas. Paralelamente, quem sofre são os homossexuais, que sofrem discriminação e pessoas doentes que precisam das doações de sangue.

   Portanto, para o fim do preconceito sofrido por homossexuais na doação de sangue, urge que o Ministério da Saúde, órgão responsável pela Saúde Pública brasileira, explique para a população, por meio de notas oficiais e debates, o porquê do estigma dos homossexuais como transmissores de ISTs não se sustenta e é preconceituoso. Dessa forma, a população ficará informada e começará a refletir sobre o assunto. Somente assim será possível que homossexuais doem sangue sem passarem por constrangimentos.