O papel e os limites do humor na sociedade

O filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein, em sua obra Tractatus Logico-Philosophicus, diz que o humor não é um estado de espírito, mas uma visão de mundo. No cenário atual, o humor vem sendo bastante valorizado como forma de expressão e, gradualmente, está sendo mais democratizado. Todavia, há muitos humoristas que utilizam desse artifício para ofender ideologias ou determinados grupos sociais. Por isso, é tão necessário entender o papel do humor na sociedade, quanto compreender seus limites.

Primeiramente, é necessário considerar que o humor é uma forma de expressão que expõe a opinião do humorista sobre determinado assunto. Chegou a ser duramente reprimido e censurado durante o período da ditadura militar brasileira, exatamente porque os humoristas usam o humor para fazer críticas, de forma irônica e satirizada, à estruturas sociais, formas de governo ou até mesmo, governantes específicos. É possível enxergar isso claramente hoje em dia, ao observar as fortes críticas ao atual presidente da República e suas ações negligentes em relação à população. Assim, o humor é considerado um importante meio de manifestação social na atualidade.

Ademais, é fundamental a compreensão de que a sociedade brasileira foi construída com base em políticas excludentes e segregacionistas. Infelizmente, por vezes, humoristas acabam contribuindo para a perpetuação dessas estruturas ao fazer piadas e comentários com teor preoconceituoso. Embora a Constituição Brasileira preveja a liberdade de expressão como sendo direito de todo indivíduo, ela também caracteriza qualquer discurso preconceituoso como crime. Dessa forma, é importante que os humoristas compreendam a visibilidade e influência que possuem e passem a medir melhor seus discursos.

Portanto, faz-se imperioso a atuação rigorosa do Ministério da Cultura e do Ministério da Justiça no que se refere à manifestações humorísticas, monitorando melhor as ações de pessoas públicas como os comediantes, principalmente os de maior influência nacional, penalizando-os de forma justa, quando necessário. Tal ação promoverá maior controle sobre os discursos de ódio e diminuirá a propagação se preconceitos estruturais contra classes inferiorizadas no corpo social, visando uma sociedade mais igualitária.