O papel da arte em tempos de crise

No filme “O Pianista”, é retratado a historia de um jovem músico judeu que vive as restrições de uma invasão nazista em sua cidade. Dominado por um regime que censura que reprime diversas vertentes artísticas, o protagonista encontra na música uma maneira de sobreviver, primeiro tocando piano em restaurantes do gueto e, no final da trama, encantando um oficial com seu trabalho, sendo finalmente salvo por ele. È fato que a realidade apresentada no filme, relaciona-se àquela de artistas durantes períodos de crise: a arte como ferramenta de resistência e recuperação de uma sociedade, mesmo em governos que a atacam.

Em primeiro lugar, é importante destacar a diversidade de produção artística, que não se limita apenas como objeto de contemplação e utilidade pratica, mas abrange seus repertórios para dar voz a um grupo, período ou individuo. No período em que a Ditadura Militar se instalou, artistas como Chico Buarque usavam a criatividade para driblar leis e publicar músicas com sutis criticas, sendo uma das mais famosas a canção “Cálice”. Atualmente, a censura ainda existe por meio de impedimento de repasses de verba e proibições do uso de espaços públicos, principalmente em obras que vão contra a ideologia de “preservar valores cristãos” do atual governo. Em 2019, foram 23 casos de em que a tesoura oficial entrou em ação, deixando claro que o direito a arte diversa e livre vem sendo tirado de brasileiros.

Consequentemente, a privação da arte impede que ela exerça seu papel de reconstrução social. Um exemplo de como esse fenômeno funciona, foi a Cidade de Detroit, no EUA, que teve um grande aumento na valorização de imóveis após artistas usarem o grafite em muros e residências, tornando o lugar um museu a céu aberto. Paralelamente, na pandemia de Covid-19, o violinista cearense Laio Cosmos, promovia apresentações em homenagem aos pacientes internados. Segundo ele, “Nesse momento difícil, conseguimos conectar familiares, levando paz e conforto”, reforçando o caráter humanitário da arte. Logo, observamos que manifestações artísticas tem grande cargo social, sendo essencial que todos tenham acesso a elas.

Portanto, é preciso que o Estado tome providencias para garantir a existência de uma arte livre, independente das questões ideológicas que um governo possa vir a questionar. Para o avanço cultural do entretenimento e da arte, urge que o Ministério da Cultura promova, por meio de valorização profissional, inserção da arte em escolas e a garantia a liberdade de expressão, incentivos financeiros, enquanto garante que teatros, cinemas, museus e outros, sejam acessados pro todos. Sendo assim, será possível reestabelecer avanços culturais e sociais.