O lixo eletrônico em questão no Brasil

No livro “Frankenstein”, escrito pela autora Marry Shelley, é contada a história de um cientista que através da sua ambição tecnológica criou um monstro, porém, gradualmente a criação começou a destruir a vida do criador. Embora seja uma ficção científica, reflete a sociedade nacional, que desde o início da revolução industrial, no século XVIII(período inicial dos avanços tecnológicos), criou produtos e máquinas com o objetivo de obter maior facilidade e lazer, entretanto, em contrapartida, prejudica a natureza e consequentemente, acarreta problemas aos seres vivos. Nesse contexto, indiscutivelmente percebe-se que o lixo eletrônico se tornou um fator agravante para o meio ambiente, causado, devido, não só pelo planejamento inadequado do descarte de aparelhos, mas também pela inércia da sociedade.

Antes de tudo, é importante abordar o impacto socioambiental do despejamento irregular de rejeitos. Durante o ano de 1992, ocorreu no Brasil, a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, sediada no estado do Rio de Janeiro e intitulada “Eco-92”. Nesse evento criou-se a chamada “Política da Sustentabilidade”, cujo objetivo era promover a redução, reutilização e a reciclagem de materiais. No entanto, identifica-se que a população brasileira não tem colocado em prática as propostas deste evento, visto que grande parte dos lixos eletrônicos são encontrados em lugares impróprios, como os lixões, por exemplo. Além disso, ao serem despejados em vazadouros podem liberar substâncias tóxicas na água, no solo e na atmosfera, fatos que prejudicam o solo e a fertilidade da flora em toda área contaminada.

Ademais, é importante relatar a pouca ação da nação visando reverter esse cenário como um dos fatores agravantes da problemática. Em concordância com a filósofa francesa Simone Beauvoir, “O mais escandaloso dos escândalos é que nos adaptamos a eles”. Portanto, a frequência com que os e-lixos aparecem de forma inapropriada nos ecossistemas se tornou alta a ponto de ser comum, todavia, pessoas se adaptaram ao invés de tentarem diminuir a poluição. Como consequência, leis que propõem mitigar a degradação ao biossistema não são respeitadas, pois há a sensação de impunidade entre os indivíduos que praticam tal ato e, as novas gerações são influenciadas a continuar esse processo de degeneração, visto que segundo o pensador Vygotsky, “O homem é facilmente influenciado pelo meio que está inserido”.

Desse modo, é evidente que os lixos derivados de equipamentos eletrônicos tornaram-se um problema que irão destruir seus criadores se não forem combatidos. Em vista disso, faz-se necessário ao poder executivo, com o auxílio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA), tornar as consequências mais efetivas à violação das leis ambientais, por intermédio de multas com valores maiores ou recorrendo ao cárcere, dependendo do prejuízo causado, de modo a tornar as normas mais respeitadas. Outrossim, deve-se instruir as novas gerações sobre os perigos do abandono inadequado destes produtos, através de campanhas em redes sociais e em escolas, objetivando a preservação do meio ambiente. Promover tais medidas visam tornar o território nacional um lugar saudável para todos os seres vivos que nele habitam.