O impacto dos influenciadores digitais na formação dos jovens

O filme “O Dilema das Redes”, da Netflix, demonstra como a internet é projetada para influenciar os seres humanos, e consegue, tendo reflexos em todos os âmbitos da vida social. Nessa perspectiva, crianças e adolescentes têm sua formação impactada pelos influenciadores digitais, tendo em vista a propagação dessa profissão, de forma que todos têm contato com essas pessoas pelas redes. Sob esse aspecto, é relevante analisar os efeitos na saúde mental dos jovens e o estímulo ao consumismo exacerbado. 

Em primeira análise, são perceptíveis consequências advindas da disseminação de um certo estilo de vida pelos influenciadores digitais. Isso porque estes demonstram, muitas vezes, uma vivência nas redes sociais que é impossível de ser reproduzida fora delas, seja um padrão de corpo, um produto muito caro, ou uma forma de se vestir e de ser. Nesse sentido, o filósofo Guy Debord cunhou o conceito de “Sociedade do Espetáculo”, no qual a realidade é determinada pelas imagens propagadas na mídia. Dessa forma, ao tentar alcançar metas divulgadas pelos “influencers” os jovens se frustram e desenvolvem inclusive problemas, como baixa autoestima e ansiedade.

Ademais, esses profissionais da mídia social incitam um consumismo muito grande, acatado pelas pessoas ainda em formação crítica. Nessa perspectiva, ao exibir de forma positiva produtos caros e obsoletos, os influenciadores digitais conferem um valor simbólico muito grande de pertencimento e status aos produtos, acarretando o desejo dos jovens de adquiri-los. Nesse viés, o sociólogo Karl Marx definiu isso como o fetichismo da mercadoria, pois, segundo o teórico, os produtos são supervalorizados e relacionados a certo poder, tornando-se desejo de consumo da população. Portanto, o fetichismo fomentado pelos “influencers” estimula os mais novos a adquirirem um estilo de vida cada vez mais consumista.

Depreende-se a necessidade de reduzir os impactos negativos dos influenciadores digitais na formação dos jovens. Para isso, o Ministério da Educação deve providenciar palestras nas escolas e nos centros culturais, mediante contratação de profissionais da educação e da tecnologia, com o intuito de evidenciar a necessidade de realizar-se pesquisas antes de absorver as ideias propagadas na mídia, além de explanar a importância de seguir pessoas as quais estimulem uma vida saudável e consciente para, assim, formar jovens mais críticos e saudáveis. Assim sendo, os impactos da internet exibidos no filme da Netflix poderão ser mitigados.