O fenômeno das “dark kitchens” e seus impactos na sociedade contemporânea

Segundo dados da Receita Federal, houve crescimento de 122%, em cinco anos, em atividades econômicas focadas em delivery. Nesse contexto, é notória o adjacente fenômeno das “dark kitchens”, haja vista a popularização de aplicativos de entrega. Desse modo, é de suma importância o debate acerca da problemática diante dos impactos negativos que essa causa -precarização do trabalho, principalmente-, a fim do efetivo funcionamento dessa esfera.

A princípio, a ocorrência das “dark kitchens” advém da popularização de aplicativos vinculada à atual realidade. Tal conceito é caracterizado pela virtualidade de restaurantes, de modo a não apresentar uma loja física para o atendimento de clientes, funcionando a partir de entregas. Assim, o crescimento desse tipo de empresa ocorre devido, essencialmente, a chamada Modernidade Líquida, do sociólogo Z. Bauman, em que a rapidez e a inconstância são determinantes no cotidiano. Dessa maneira, a facilidade do uso de programas dentro de casa atende tais necessidades contemporâneas. Logo, é explícita a referência desse âmbito análogo ao aumento de 23% de delivery no país entre 2017 e 2018, conforme evidencia o Instituto Foodservice Brasil.

Como consequência disso, é evidente impactos na questão ocupacional. Como mostrado no documentário: “GIG: A Uberização do Trabalho”, em que há o atrelamento da tecnologia com o serviço de entrega, bem como transporte e alimentação, é notória a precarização de serviços. Isso ocorre graças a possível informalidade nesse contexto, como o não seguimento de normas trabalhistas- carga horária e segurança do trabalhador- e de higiene. Ademais, adversidades dentro dos aplicativos relacionadas às informações do consumidor impedem a efetiva atividade das cozinhas- fantasma, como a localização, afetando, assim, a fidelização do cliente. Desse modo, são inquestionáveis os resultados dessa esfera na sociedade.

Em suma, ante a problemática, é essencial a adoção de medidas. Urge do Ministério da Economia, através da polícia e da vigilância sanitária, a fiscalização das cozinhas, a fim de garantir melhores condições nesses espaços. Outrossim, deve, a partir dos dirigentes dos aplicativos, mudanças na coleta e compartilhamento de informações para os restaurantes virtuais, em busca da aproximação do cliente e do vendedor. Isso posto, haverá satisfatório funcionamento das “dark kitchens” e de todos os elementos envolvidos.