No filme “Gente grande”, estrelado por Adam Sandler, é retratado o fim de semana de um grupo de amigos que decidem se reunir com suas famílias com a finalidade de relembrar os tempos idos da juventude. Ao longo da trama, a narrativa revela uma cena singular: o protagonista conversa com outros personagens a respeito das atividades em comum que praticavam na infância, até que o mesmo resolve buscar os dois filhos, os quais ficaram o dia inteiro navegando na internet, para brincarem como “crianças normais” no lado de fora da casa. Fora da ficção, fica claro que a realidade apresentada no filme pode ser relacionada àquela da era cibernética: o uso excessivo da tecnologia como um limitante para o aprendizado e o desenvolvimento social.
Em primeiro lugar, é importante destacar os prejuízos que o manejo prolongado de dispositivos informatizados, principalmente os que possuem conexão com a internet, geram para o desempenho intelectual do público mais jovem. Segundo o cientista social Pierre Bordieu, em seu livro “Máquinas pensantes”, os novos produtos da sociedade capitalista pós-fordista (3º revolução industrial) acarretaram uma troca dos papéis sociais entre o homem e a máquina, na qual as novas tecnologias passaram a ser a consciência humana, enquanto os indivíduos passaram a agir como objetos dessa consciência. Nesse sentido, é notável que celulares, tablets e outros inventos causaram um retrocesso no desenvolvimento do pensamento crítico e acadêmico das crianças, acarretando malefícios na vida escolar.
Além das questões cognitivas, há o mal perpetrado pela era da informação, hodiernamente, contra o amadurecimento e o aperfeiçoamento da inserção dos mais jovens na sociedade. Platão, em seu compilado de diálogos “A República”, diz que “o homem que não participa da vida na cidade ou é uma besta ou um deus”. Tal afirmação, contextualizada nos dias atuais e retirada de seu sentido literal, demonstra a importância da convivência com o próximo para a formação pessoal. Paralelamente, percebe-se que o uso desmedido de computadores ou smartphones destituem o público infanto-juvenil de uma formação cidadã, na medida em que privam essas pessoas do contato pessoal, e por isso mais profundo, com o seu semelhante.
Portanto, é mister que sejam tomadas providências para amenizar o quadro contemporâneo. Para advertir a população a respeito dos riscos cognitivos e sociais do manejo exagerado dos meios informatizados, urge que o Ministério da Educação e da Cultura, por intermédio de parceria com as secretarias estaduais de educação e com alunos e professores de todo o Brasil, deve implementar campanhas publicitárias que contenham informações úteis sobre o aprendizado e a socialização de crianças e adolescentes. Não só, o mesmo órgão do Governo Federal precisa realizar a construção de bibliotecas públicas em várias regiões do país, possibilitando outras formas de consumo de cultura. Somente assim, será possível fazer com que tornemos os pequenos em uma gente grande.
Victor_Nobre
Boa tarde, Volder!
Redação muito clara e concisa, além do tema pertinente nos tempos atuais.
Demonstrou bastante clareza na introdução, além de desenvolver bem os argumentos da parte de desenvolvimento.
Além disso, usou muitos conectivos, o que amplia para uma estrutura redacional melhor.
Parabéns! A redação ficou muito boa.