O excesso da tecnologia na infância na era da cibercultura // Modelo ENEM

Em meados do século XX, iniciava-se a terceira Revolução Industrial – também conhecida como período técnico científico-informacional – que proporcionaria a associação da tecnologia com o meio informativo, resultando na criação de celulares e computadores. Paralelamente a isso, a sociedade hodierna ainda sofre influência desse período, na qual muitas pessoas possuem dependências dos dispositivos para as atividades do cotidiano; entre elas, as crianças, que utilizam excessivamente das tecnologias durante suas infâncias. Assim, esta realidade configura um repto a ser mediado baseado na criação dos filhos e em consequências, como o vício.

Primariamente, pode-se ressaltar que a forma na qual os pais supervisionam suas crias funciona como base para a ascensão dos entraves. Isso porque, de acordo com o filósofo Byun-Chul Han, em sua obra “Sociedade do cansaço”, as pessoas se cobram exacerbadamente por produtividade e resultados profissionais, impactando em pouco tempo com a família. De maneira análoga, é o que acontece com a família brasileira, de forma que pais terceirizam dispositivos eletrônicos, sem restrição, para compensar suas ausências na vida dos filhos. Desse modo, as crianças, sem orientação, veem-se imersas a vários conteúdos que podem prejudicar seus crescimentos e desenvolvimento.

Ademais, a utilização descontrolada de aparelhos eletrônicos contribui para que o vício possa emergir das crianças. O termo “nomofobia” descreve o medo que uma pessoa tem de ficar sem contato com celulares, evidenciado problemas de ansiedade e estresse. Nesse sentido, para suprir esse problema, as crianças passam cada vez mais tempo presos a tela do dispositivo, gerando, então, a sedentarização e a redução do contato social, etapa essa fundamental para o desenvolvimento de áreas neurais na infância. Além disso, a reclusão somada ao vício favorece problemas de saúde, como a obesidade, e a adultização precoce, pelos conteúdos inadequados. Logo, é perceptível o quão negativo pode ser para as crianças a utilização sem controle da tecnologia.

Dessarte, é imprescindível a adoção de medidas para remediar o impasse. Para isso, urge ao Governo Federal – órgão máximo do estado – em parceria com o Ministério da Educação (MEC), a elaboração de projetos educacionais, como a criação de palestras escolares e propagandas midiáticas, a fim de conscientizar a sociedade acerca dos problemas relacionados ao uso exagerado da tecnologia na infância. Outrossim, é fundamental que os pais participem ativamente na vida dos filhos, gerenciando o tempo de uso tecnológico e incentivando a atividades de lazer ao ar livre e contato com outras crianças. Só assim será possível que a realidade provocada pela revolução industrial possa ser alterada e que proporcione o bem-estar durante a infância.