O estigma associado às doenças mentais no Brasil

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“A Metamorfose”, de Franz Kafka, é uma novela que utiliza de elementos fantásticos e absurdos para contar a história de Gregor Samsa — um homem que, ao acordar de sonhos inquietos, vê-se, de repente, transformado em um inseto asqueroso. O decorrer da narrativa segue com o protagonista tentando sobreviver com sua condição e a reação, muitas vezes de negligência, da família para com esse ocorrido. Ainda que tenha sido publicada no século passado, a novela continua a ser um retrato da situação daqueles que sofrem com enfermidades psíquicas — principalmente no que se estende às causas de suas condições, a negligência com que elas são tratadas e seus estigmas.

Com a consolidação da hegemonia do regime capitalista no fim do século passado, criou-se uma cultura que valoriza o “ter” em detrimento do “ser”. Esse tipo de comportamento foi intensificado com a popularização das mídias sociais, onde indivíduos — em suas percepções distorcidas — só acreditam que a felicidade é possível a partir do momento em que certo status social é adquirido. Nesse contexto, muitas pessoas tentam, em seus perfis, emular um falso sentimento de satisfação em busca de aprovação de outrem. Isso, por sua vez, culmina em um ciclo vicioso de usuários pressionados a mostrarem seu (suposto) sucesso, a fim de se sentirem melhores consigo mesmo. O agravante dessa situação torna-se explicitamente alarmante no Brasil, considerado, atualmente, segundo dados da OMS, o país mais depressivo da América Latina — com mais de 11,5 milhões de cidadãos diagnosticados com o transtorno.

Outras problemáticas também mostram-se evidentes, como a negligência de questões que se estendem à saúde mental, que, sob olhares errôneos, acabam não sendo tratadas de forma correta em função da falta de informação; e, também, a estigmatização — ou seja, preconceitos e mitos disseminados por aqueles que apresentam pouco ou nenhum conhecimento sobre o assunto — da condição daqueles que enfrentam problemas mentais severos e que, por vezes, são tidos como “fracos de espírito”, “incapazes” ou, até mesmo, “malucos”. A essas deturpações, sejam elas intencionais ou não, dá-se o nome de psicofobia: preconceito para com aqueles que sofrem com deficiências e/ou transtornos mentais. Esses discursos têm suas raízes estruturadas em problemáticas históricas que, pouco a pouco, vão sendo desmistificadas pela ciência e pelo senso crítico.

Portanto, entende-se que a crescente nos casos de enfermidades mentais são consequência de uma cultura massiva de consumo e exibicionismo e que a estigmatização e negligência dessas problemáticas são associadas a fatores históricos e mitos infundados. Cabe à esfera pública, especialmente o Ministério da Saúde, trabalhar ativamente na desmistificação dessas condições por meios informativos e tornar acessível à população o acompanhamento psiquiátrico e psicológico. A família e as instituições de ensino devem cumprir um papel essencial ao conversar, compreender e orientar aqueles que lidam com sofrimentos psíquicos diariamente. O legislativo, por sua vez, deve tomar uma postura de repreender, por meio da criação de leis, qualquer comentário odioso — tal como é feito em casos de racismo e LGBTfobia — para com aqueles em situação mental frágil e/ou vulnerável.

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1 Correção

  1. INTRODUÇÃO:
    * Tente problematizar mais o tema, traga uma realidade brasileira, você focou muito em explicar a novela e me parece mais um desenvolvimento do que uma introdução.

    Utilize desses mecanismos se desejar:
    1º período: apresentação do tema, pode utilizar esse exemplo da novela, mas seja mais objetivo em relação ao que o tema pede, no seu primeiro período não consigo identificar que o que se pede é um texto sobre doenças mentais.

    2º período: traga um indício de como isso ocorre na realidade brasileira, sua tese. Como esse estigma relacionado as doenças mentais está presente em nosso país? Pode trazer dados nesse período, se quiser dar mais sustentação ao que você está dissertando.

    3º período: bifurque sua tese em 2 pontos de vista, que você irá defende-los respectivamente nos desenvolvimentos 1 e 2.

    DESENVOLVIMENTOS:
    * Gostei da sua formar de desenvolver o texto, contudo, os temas que você abordou não estavam presentes na introdução (no 3º período, onde se bifurca a tese), isso é algo de extrema importância.

    * Tente CRITICAR mais nos seus desenvolvimentos, isso faz com que o avaliador entenda o seu posicionamento (posto de vista). Palavras como infelizmente, lastimavelmente são uma boa.

    * Você trás conhecimentos externos bons.

    CONCLUSÃO:
    * Desenvolva melhor sua conclusão, tragas informações mais claras. Por meios informativos? Quais meios? Deixe-os claros.

    *Lembre-se dos 5 pontos estritamente necessários para sua conclusão:
    1 – Agente (Quem deve fazer?)
    2 – Ação (O que fazer?)
    3 – Meio (Por meio de que deve fazer? Como deve fazer?)
    4 – Finalidade (Qual a finalidade do que está sendo feito?)
    5 – Detalhamento (Detalhe alguns desses pontos acima, especifique mais, exemplifique)

    CONSIDERAÇÕES FINAIS:
    *Entre um período e outro faz-se necessário o uso de conectivos (conjunções) para ligar uma parte do texto a outra, em muitos momentos do texto você não os usa.

    * Você tem um potencial bom, mas precisa organizar seu texto de uma forma melhor e mais clara.

    NOTA:
    Em relação a nota, não tenho um conhecimento técnico elevado para poder atribuir uma com certeza, mas pelos meus ACHISMOS e avaliação parcial do texto, acredito que conseguiria uma nota em torno de 700 no máximo.

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