O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira (ENEM)

A Constituição Federal de 1988 é um documento que, apesar de recente elaboração, possui representatividade internacional pela sua vanguarda jurídica em garantir que a população brasileira tenha acesso a direitos elementares, como a saúde. No entanto, mesmo diante desse arcabouço normativo, o estigma associado às doenças mentais no Brasil demonstra limitação prática deste código legal, o que acaba por romper a harmonia da sociedade. Nesse sentido, é clarividente como a mentalidade capitalista figura como origem desta problemática. Assim, não só a falibilidade educacional, como também a manipulação midiática aprofunda o cenário.

A falha educacional, desse modo, contribui para a existência do preconceito contra os doentes mentais. Isso acontece porque o sistema educacional brasileiro, focado na formação de mão de obra para o mercado de trabalho, acaba por secundarizar as relações sociais saudáveis entre os alunos, já que prioriza atividades conteudistas. Dessa forma, as práticas que fomentam a massificação de informações sobre as enfermidades psíquicas e a harmonia social, como palestras, são limitadas. Essa reflexão pode ser confirmada pela afirmação do filósofo alemão Emmanuel Kant, o qual afirma “o homem não é nada além daquilo que a educação faz dele”, uma vez que não se pode esperar uma sociedade mais inclusa sendo que, nem mesmo mediante a educação, foi incentivada a tal prática.

Ademais, o comportamento manipulador da mídia, por sua vez, cristaliza o estigma associado às doenças psicológicas. Essa situação surge do hábito de estereotipar como “doido” todos aqueles que sofrem com problemas mentais, pois, ao tarjar o doente e associá-lo como alívio cômico na TV, mesmo que sem intensão, manipula o cidadão pueril que consome tais conteúdos. Por conseguinte, o preconceito no ambiente social cresce de forma gradativa, tendo em vista que a mídia, com fins mercadológicos na atenção do usuário, naturaliza a marginalização dessa minoria. Além disso, o estadista Cícero diz que “não há nada de tão absurdo que o hábito não torne aceitável”, nessa perspectiva, a frase trabalha de forma análoga à realidade do país e assume papel de crítica mediante a naturalização das ações preconceituosas.

Infere-se, portanto, ações do Poder Público para mitigar esse quadro nocivo. Logo, urge que o MEC reformule, através de verbas governamentais, o projeto educacional do Brasil, a fim de enriquecer a grade curricular dos alunos com palestras que abordam saúde mental, preconceito e alienamento proferido pela mídia, visando moldar indivíduos plenos, assim como desconstruir a mentalidade preconceituosa em todos os âmbitos sociais, principalmente na bolha psiquiátrica.  Outrossim, cabe ao governo federal democratizar psicólogos pelo SUS, dessa forma, o corpo social será auxiliado perante a enfermidade.  Quem sabe assim, o acesso à saúde deixará de ser apenas um texto constitucional.