O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira – QUAL PONTUAÇÃO?

A saúde é inquestionavelmente um dos assuntos que mais geram preocupações entre as pessoas: qualquer mal estar se torna um motivo para que a maioria dos indivíduos consulte um médico. Entretanto, em relação à saúde mental, é evidente a existência de um receio relacionado à procura de um profissional, o que ocorre devido aos estigmas relacionados às doenças mentais, consolidados na sociedade brasileira.
A princípio, é válido ressaltar que os problemas vinculadas à saúde física têm maior relevância no ideário brasileiro do que os ligados à saúde mental. Esse aspecto é evidente ao se analisar as ações desenvolvidas pelo governo, que prioriza o fornecimento de profissionais e locais para a recuperação física das pessoas, deixando de prestar atendimento psicológico à maioria da população residente no Brasil. Dessa forma, cidadãos que sofrem com problemas como a depressão – doença que atinge cerca de 46% da população brasileira, de acordo com dados divulgados em 2017 pela Organização Mundial da Saúde – não conseguem ter um primeiro contato com um psicólogo, que é indibubitavelmente importante para as suas plenas recuperações.
Ademais, a esteriotipização de pessoas com doenças mentais como sendo visivelmente tristes ou descontroladas dificulta a constatação de possíveis anormalidades psicológicas, que geralmente é feita por familiares ou amigos. Segundo o sociólogo Émile Durkheim, a consciência coletiva exerce coerção sobre a individual, e as atitudes de cada indivíduo podem ser explicadas a partir da sociedade em que vive. Nesse viés, é relevante pontuar que a ideia de um padrão comportacional típico de um indivíduo atingido por um problema mental foi criada por toda a sociedade brasileira com base em preconceitos, que renegam a gravidade ou mesmo a existência de doenças mentais, que chegam a ser consideradas como apenas “frescuras”.
Em suma, os estigmas associados as doenças mentais constituem um problema a ser enfrentado pela sociedade brasileira. Assim, cabe ao Ministério da Saúde, por meio da parceria com as secretarias municipais de saúde – cujo papel é promover ações que visem não somente a recuperação da saúde física dos cidadãos – , disponibilizar psicólogos em todas as Unidades de Pronto Atendimento, a fim de que todos os indivíduos brasileiros possam ter gratuito e fácil acesso ao atendimento psicológico. Dessa forma, haverá um grande progresso no reconhecimento da gravidade dos problemas psicológicos enfrentados pelo povo brasileiro.