O ESTIGMA ASSOCIADO ÀS DOENÇAS MENTAIS NA SOCIEDADE BRASILEIRA

 O livro Uma Mente Inquieta conta a história de uma psicóloga que enfrentou na pele os altos e baixos causados pelo Transtorno Afetivo Bipolar – doença caracterizada por estágios de depressão e mania. Observando o contexto brasileiro, fica claro que os problemas vivenciados pela autora do livro por ser portadora de uma doença mental também estão presentes na sociedade, tanto em relação ao preconceito advindo de práticas passadas como devido ao modelo de “vida perfeita” pregado atualmente em redes sociais.

Primeiramente, é válido ressaltar o contexto vivenciado por pessoas que sofriam com alguma doença mental no século passado. Tais indivíduos eram internados em clínicas psiquiátricas localizadas em locais distantes do convívio social, fortalecendo o estigma e impondo barreiras entre os doentes e a sociedade.  O tema foi abordado em filme, sendo protagonizado pela atriz Glória Pires que interpretava uma  médica psiquiátrica que iniciava o trabalho em uma dessas instituições. Ao deparar-se com a situação precária e a reclusão imposta, a personagem decidiu trabalhar com métodos terapêuticos alternativos através da expressão de sentimentos com uso da arte. A atitude resultou em exposições artísticas das obras desenvolvidas abrindo as portas da instituição para visitantes.

Outrossim, um ponto que merece destaque é o modelo imposto na contemporaneidade relacionado à exposição exagerada em redes sociais, em que a validação da vida perfeita é pregada. Essa cultura de sempre mostrar os momentos felizes cria uma falsa ilusão de que o ser humano não passa por momentos difíceis. Consequentemente, as pessoas sentem-se desencorajadas e com medo de serem julgadas ao falarem de seus problemas relacionados, por exemplo, a doenças mentais. Um caso que gerou grande repercussão foi quando o humorista Winderson Nunes falou abertamente sobre o seu problema com a depressão. O fato reverberou nas redes sociais justamente porque o grande público acreditava que o artista teria uma “vida perfeita”,  pois era isso que viam na internet. 

Diante disso, com o fito de mostrar à população a importância do não julgamento às condições de saúde mental dos indivíduos, o Governo poderia criar o programa “Abrace a si mesmo”. O projeto teria como objetivo divulgar em redes sociais relatos de pessoas que convivem com alguma doença mental, a fim de transmitir e compartilhar suas experiências. Dessa forma, aconteceria uma aproximação e identificação da população reduzindo o estigma e gerando abertura para que todos pudessem expor seus sentimentos e dores com a finalidade de curá-los.