O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira

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Para Simão Bacamarte, personagem da obra realista “O Alienista”, escrita por Machado de Assis, o indivíduo divergente da definição de normalidade, imposta pelo médico Simão, seria justificadamente retirado da sociedade. Analogamente, no Brasil, as doenças mentais carregam preconceitos, herdados da irreal felicidade idealizada pela sociedade, agravados, também, pela desinformação dessa população brasileira, apontada pela OMS como a mais depressiva da América Latina. Logo, o estigma sobre doenças mentais, entre os brasileiros, torna-os ineficazes em manter sua saúde mental e, paralelamente, excludentes com vítimas destes transtornos.

Primeiramente, tal ineficácia advém da má interpretação da dor alheia, consequente do eufemismo social sobre a fragilidade humana, sendo este um mecanismo ilusório. Conforme alegoriza o Mito da Caverna, formulado por Platão, o desinformado desconhece sua condição, deformando a realidade à sua doxa (crença), assim como a almejada felicidade plena é externalizada nos meios comunicativos. Contudo, por trás da ficção, são perdidos um trilhão de dólares devido aos transtornos mentais, estima a OMS; assim, expondo o impacto global deles, tal qual no Brasil, e a deficiência em devidamente tratá-los, decorrente deste estigma.

Em segundo lugar, estigmas sociais marginalizam a população com doenças mentais, evidente pela maior presença desta em extratos já estigmatizados e, proporcionalmente, marginalizados, como o das mulheres, as quais, no Brasil, são 20% mais depressivas que homens, segundo a OMS. Dessa forma, vê-se a cadeia de estigmas que corroboram em transtornos mentais, além de outros problemas sociais, como o abuso sexual e psicológico, reiterando a exclusão continuada, pela população brasileira, de afetados por doenças mentais, alguns dos quais surgem destas mazelas sociais.

Enfim, o estigma em relação às doenças mentais, pela sociedade brasileira, é algo a ser combatido, por este impedir o devido tratamento de transtornos mentais, além de menosprezar outros estigmas, refletidos nele. Portanto, a notar o fator cultural, devem os veículos de mídia desconstruírem, por meio de propaganda educativa ou formas de ficção, o estigma sobre doenças mentais, a fim de que a população brasileira abarque melhor pessoas com tais transtornos e, em outros casos, saiba combatê-las. Logo, que a exclusão e ignorância de Simão Bacamarte não se façam realidade, mas uma sociedade mais empática e consciente.

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4 Correções

  1. A introdução está ótima, os desenvolvimentos estão coerentes. A conclusão está ok, mas senti falta de mais um meio de solucionar a problemática abordada, torna o seu texto mais objetivo sobre o que você vai dissertar, de modo que traz uma confiança a mais ao corretor. Fora isso, tudo perfeito.

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  2. O repertório de início foi bem produtivo, pois tem relação direta com o tema.
    Redação muito boa não tem o que falar, que lê percebe nitidamente qual o tema em todos oposarágrafos, o nível de repertório sociocultural seu é incrível e você conseguiu encaixar incrivelmente.
    A intervenção está diretamente relacionada com o escrito antes de forma a mostra a estrutura bem estruturada.

    Teria chance de tirar 1000 no Enem

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  3. Olá Gabruek!!!
    Vou corrigir a sua redação com base nos meus conhecimentos, espero ajudar.
    Primeiramente, devo lhe parabenizar pelo seu texto que está muito bem estruturado, contém uma tese, na qual ficam claros os seus argumentos, há também os dois parágrafos de desenvolvimento necessários para a estruturação do texto e uma conclusão com os cinco elementos necessários.
    Achei muito valiosas as suas menções a filósofos como Platão.
    E muito rico o seu repertório por citar a obra “O Alienista”
    Parabéns!!
    Nota: 920

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