O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira

A notória obra literária “Utopia”, do escritor inglês Thomas More, retrata uma sociedade perfeita, padronizada pela ausência de problemas e conflitos sociais. Fora da ficção, a realidade brasileira denota-se contraditória à obra supracitada, uma vez que o individualismo histórico, interligado às negligências governamentais, realça a ocorrência dos estigmas associados às doenças mentais. Logo, faz-se necessária a atuação de subterfúgios eficientes, a fim de mitigar esse infortúnio social brasileiro.

Vale salientar, a princípio, as diretrizes que viabilizam, no que tange o corpo social, a consolidação dos estigmas frente às doenças mentais. Nessa perspectiva, segundo o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, a população vivência um período denominado de “Modernidade Líquida”, o qual é marcado pela insaciável busca pela adequação frente à uma sociedade individualista, que preestabelece paradigmas a serem seguidos e, consequentemente, provoca a exclusão, a marginalização e a estereotipação dos portadores de deficiências mentais. Sendo assim, verifica-se a ausência, e a necessidade, de medidas comunitárias adequadas, as quais busquem atenuar essa problemática.

Ademais, de acordo com o filósofo contratualista John Locke, é dever do Estado proporcionar, no que concerne o âmbito constitucional, o indubitável direito dos cidadãos brasileiros à dignidade da pessoa humana, bem como à integridade física e mental desses, em busca de cumprir com o seu papel frente ao viés ideológico do Contrato Social. Entretanto, na realidade nacional, é visível a ausência, em sua maioria, de medidas estatais que visem coibir o problema analisado. Nesse contexto, observa-se que os portadores de deficiências mentais tenderão a sofrer com uma estigmatização exacerbada, ficando à mercê da inércia governamental, o que transcende a necessidade de alternativas que visem a melhoria dessa realidade distópica.

Desta forma, é necessária a intervenção do Governo Federal – órgão responsável por gerir e organizar a sociedade -, através do Ministério da Cidadania, a fim de instituir mecanismos eficientes para o combate da problemática supramencionada. Para tal, é indispensável a atuação de medidas comunitárias e de programas sociais, os quais visem desconstruir os paradigmas ideológicos preestabelecidos pela sociedade contemporânea e, consequentemente, combata os estigmas associados às doenças mentais presentes na comunidade nacional. Desta maneira, tencionar-se-á, através dessas medidas, que a realidade brasileira se aproxime da utopia retratada por More em sua obra.