O esporte como ferramenta de inclusão social no Brasil

Indiscutivelmente conhecido como o “país do futebol”, o Brasil tem o esporte como parte intrínseca de sua essência, mesmo no âmbito legal a “Lei Pelé” regulamenta e comprova a relevância dessa prática. Nesse viés, é importante ressaltar que muito além de lazer, as atividades esportivas proporcionam oportunidades de ascensão e inclusão social, e dessa maneira se constituem como meio de mudança positiva da sociedade. Desse modo, urge o debate acerca dos entraves que impossibilitam a aplicabilidade dessa ferramenta para os brasileiros, como a falta de perspectiva governamental e a escassez de investimentos.

Nesse contexto, os jovens são um importante instrumento de evolução da sociedade, ao participarem da população economicamente ativa, e redução de mazelas como a criminalidade, ao lhes serem proporcionadas atividades recreativas e oportunidades sólidas de melhora na qualidade de vida. Entretanto, na contemporaneidade, é perceptível certo descaso do Estado com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que institui o cuidado e a responsabilidade governamental de assegurar igualdade de direito e bem-estar aos menores de idade, ao lhes negligenciar a estrutura para tal, o que gera o sentimento de desamparo. Dessa forma, é fulcral que se alie as práticas esportivas como o basquete, o vôlei e, principalmente, o futebol à rotina das crianças e adolescentes, destacadamente, em áreas vulneráveis e de baixa renda, com projetos sociais associados à escola.

Ademais, destaca-se o filme “Um sonho possível”, no qual um jovem negro, de baixa escolaridade e órfão, encontra no futebol americano uma chance de transformar sua história, o que demonstra o poder do esporte como ferramenta de inclusão e transformação social. Sob um viés brasileiro, o futebol é o maior responsável por fomentar sonhos, entretanto, o principal entrave para concretizá-los é a escassez de investimento nas “escolinhas” futebolísticas gratuitas, em quadras de futebol nas escolas públicas e nas comunidades como as favelas, além da ausência de profissionais qualificados de educação física para orientação. Dessa maneira, urgem medidas que direcionem recursos para transformar essa realidade.

Portanto, urge a ação dos atores sociais para mudar a realidade do descaso do Governo com essa importante ferramenta de mudança social, o esporte. Nesse ínterim, é imprescindível que o Estado, por meio de uma aliança com grandes times e empresas do ramo, crie um projeto social de abrangência nacional que insira, principalmente nas escolas públicas e áreas vulneráveis, quadras poliesportivas e profissionais qualificados que possam direcionar jovens talentos, e com bom desempenho acadêmico, para campeonatos estaduais e nacionais. Tais ações tem como objetivo a fomentação da perspectiva de ascensão e incentivo escolar aos jovens, pois, somente assim, muito além de parte intrínseca do País, as práticas esportivas serão seu motor revolucionário.