O combate ao sedentarismo infanto-juvenil

A obra “Ensaio sobre a cegueira” retrata a invisibilização de certos problemas pela sociedade. Na realidade brasileira, a crítica de Saramago é verificada no sedentarismo de muitas crianças e adolescentes, questão que persiste invisibilizada, sem que haja ações sociais e governamentais em prol de seu combate. Nesse contexto, observa-se que a presente situação reflete um cenário desafiador, intensificado tanto pela falta de debate quanto pela insuficiência governamental.

Em primeiro lugar, nota-se que o silenciamento desse panorama nefasto é um impasse latente. A esse respeito, a escritora Nadejda Mandelstam explica que “o silêncio é o verdadeiro crime contra a humanidade”. Tal silêncio está presente na falta de abordagem e debate nas instituições escolares no que tange ao sedentarismo infanto-juvenil, de modo a orientar os pais e a família desses indivíduos em como aplicar no cotidiano destes, ações de combate a essa patologia. Dessa forma, essa situação lamentável configura-se como um “crime”, passível de solução, à sociedade.

Além disso, a inoperância estatal é outro fator preocupante. Sob esse enfoque, o filósofo Aristóteles disserta que o Estado é responsável por garantir o bem-estar da sociedade. Entretanto, tal responsabilidade não está sendo honrada no que refere-se ao combate ao sedentarismo infanto-juvenil, posto que, o governo por vezes investe pouco em ações que visem à instalação de uma infraestrutura adequada em escolas e locais públicos voltados à prática de exercício físico entre crianças e adolescentes, gerando a consequente falta de interesse desses indivíduos em desenvolver hábitos saudáveis, como a prática regular de exercício físico. Desse modo, infelizmente o bem-estar à sociedade não é assegurado de maneira plena.

Portanto, faz-se imprescindível intervir nessa problemática. Nesse sentido, cabe ao Governo Federal criar políticas públicas voltadas ao incentivo das práticas de exercício físico entre crianças e adolescentes, por meio da aplicação de verbas públicas para a instalação, e reforma, de quadras de esporte e locais com a finalidade de práticas de atividades físicas, de modo a complementar as aulas de educação física nas escolas, com o objetivo de combater o sedentarismo infanto-juvenil no Brasil. Em paralelo, é preciso agir sobre a falta de debate que influi sobre o problema. Assim, espera-se, com efeito, retirar esse panorama da invisibilidade.