O avanço e o combate à depressão

A literatura ultrarromântica de meados do século XIX foi caracterizada por um forte tom boêmio e pessimista, no qual o eu-lírico se refugia da realidade por meio da idealização de seus sonhos ou de sua amada, do retorno ao passado infantil ou do escapismo visualizado na ideia de morte. Esses aspectos revelam, segundo estudiosos, o condicionamento da Geração Byroniana em um quadro de transtorno depressivo. Atualmente, os casos envolvendo tal distúrbio se apresentam de maneira mais acentuada, afetando milhões de pessoas. Nota-se, portanto, a necessidade de entender os fatores que evidenciam esse avanço e as medidas de combate para o mesmo.
Primeiramente, é preciso observar a relação entre os elementos que possibilitam a manifestação do quadro depressivo, especialmente em seu aspecto idealizador. Se, para a geração romântica, essa característica se direciona ao saudosismo, para a geração hodierna, se direciona à liquidez das relações, a qual é caracterizada por Zygmunt Bauman. Nos estudos do sociólogo, ele a define como a incapacidade de se manter, na atualidade, vínculos concretos, interpessoais. A liquidez se manifesta, então, na temporalidade e fluidez de informações e emoções, idealizando a realidade, por exemplo, em redes sociais.
Outro fator agravante é evidenciado ao se analisar o papel das instituições sociais, as quais são descritas por Weber como fundamentais para o processo de socialização do indivíduo. Nota-se, aqui, a importância da família, da escola, da Igreja e do Estado para o desenvolvimento comportamental físico e psicológico da pessoa. Cabe, destarte, evidenciar que, ao não se efetivar o combate, por meio desses órgãos, a essa forma de distúrbio (transtorno depressivo), as possibilidades de prevenção tendem a diminuir.
Fica claro, portanto, que o avanço de quadros depressivos e a falta de proteção direcionada para os mesmos tendem a refletir características sociais da atualidade. Nesse sentido, faz-se fundamental a utilização de campanhas e divulgação de palestras e debates em meios midiáticos a fim de possibilitar a aquisição de informação pela população. Além disso, a União e órgãos privados também devem disponibilizar atendimento psicológico em ambientes escolares e de trabalho. Espera-se, assim, que o reflexo da geração ultrarromântica não se faça mais presente na atualidade.