O apagamento da mulher negra na Arte

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O antagonismo tem cor e gênero ♀

 
      O filme Pantera Negra, lançado em 2018, foi um tremendo sucesso no mundo inteiro. Em Wakanda, país fictício da obra cinematográfica, as mulheres negras possuem grandes cargos e são retratadas como protagonistas. Fora da ficção, lamentavelmente, a realidade é outra, tal igualdade não tem se reverberado com ênfase na prática visto que, é notório, hodiernamente, o apagamento da mulher negra, em especial no cenário artístico.

      Há tempos perdura a visão errônea, advinda do eurocentrismo arcaico, da mulher negra servindo braçalmente o homem branco. À luz de Jerry D’Ávila, afirmamos que currículos escolares da Era Vargas excluíam as diferenças étnico-raciais, impondo o protagonismo europeu, que enxerga o homem branco como um ídolo e a mulher negra como um demônio. No entanto, antagônico ao dito estereótipo, há quem resista ao preconceito intrínseco, mostrando sua nobre cultura e seu vasto conhecimento em um posto em que primitivamente ocupava exclusivamente o homem branco: a arte.

      A mulher negra busca seu espaço na arte onde ela pode agir e, assim, surgiram gêneros musicais como o Hip Hop, Rap e Funk, tipicamente periféricos, bem como movimentos de artes visuais, como o grafitti, que expressa artisticamente os profundos sentimentos das mulheres negras. Infelizmente, com o racismo e machismo estrutural, essas mulheres se tornam invisibilizadas diante da sociedade. Dentre várias, podemos citar como exemplo:  Maria Auxiliadora, neta de escravos, foi uma artista plástica que trabalhava como empregada doméstica, mas que raramente é citada ao falar sobre arte.

      A exclusão se torna mais nítida ao analisar cenas de novelas e filmes. Segundo a Agência Nacional do Cinema, o total de mulheres negras no cinema representa cerca de apenas 5% do elenco geral. Entre elas, mais da metade possui papéis que estigmatizam a figura da mulher negra, que é retratada de forma humorística no vídeo “Cota” publicado no YouTube pelo canal Porta dos Fundos.

      O white-washing, termo usado para designar produções culturais que substituem pessoas não-brancas por brancos, transforma as personagens originariamente negras, apagando suas histórias. Com isso, vemos que a indústria cinematográfica perpetuará sendo excludente enquanto mulheres negras não puderem protagonizar suas próprias histórias.

      Apagadas pelo olhar conservador da arte e das políticas antiquadas, as mulheres negras buscam ser vistas e notadas, pintando o preto no branco, esbanjando melanina nas performances, escurecendo a música e corando as poesias. A arte não é pálida. As cores devem ser vistas. As cores são arte.

      Essa luta é antiga, e não vai acabar tão cedo. Para que a mudança continue acontecendo, mesmo que gradualmente, é importante que as mulheres pretas tenham voz. É preciso muita luta e conscientização, para que, um dia, todos sejam iguais perante a lei, bem como a lei ser igual perante todos, cumprindo assim, o princípio da isonomia.

“A única coisa que separa as mulheres negras de qualquer outra pessoa é a oportunidade.”

– Viola Davis

 

(O ESTILO É ARTIGO DE OPINIÃO!!!!!!)

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1 Correção

  1. Adorei a forma como você usou algo famoso na atualidade, o filme pantera negra, para abordar e contextualizar esse tema, gosto do elo que você fez entre os dois pontos. O texto apresenta muitas informações de casos que acontecem na atualidade e informações históricas que validam o seu ponto de vista. Na minha opinião, você criou algo muito bem elaborado e bem estruturado, parabénsssss.

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