O acesso à internet em questão no Brasil

     Em uma nota oficial lançada em 2011, a ONU declarou o contato à internet como o direto humano do século XXI, considerando os diversos benefícios sociais promovidos por essa ferramenta. Contudo, observa-se, na contemporaneidade, que esse dever universal não se encontra amplamente efetuado, tendo em vista a desigualdade no acesso aos meios virtuais no Brasil. Isso acontece, sobretudo, devido à disparidade socioeconômica e à limitação na cobertura de internet no país.

     Em primeiro plano, cabe destacar que a internet é responsável por inúmeros benefícios sociais, especialmente no que tange à difusão de informação e à praticidade na comunicação interpessoal. Com o advento da rede mundial de computadores no final do século XX, o mundo assistiu à proliferação progressiva da informação, agora na forma digitalizada, mais acessível para grande parte das pessoas. Isso possibilitou o que o filósofo espanhol Manuel Castells chama de “A Era da Informação”, realidade em que todas as instâncias coletivas dependem dos meios informacionais e de sua geração de conhecimento. Além disso, é indubitável o avanço na intercomunicação, uma vez que as redes sociais propiciam o diálogo a um clique dos internautas.

     Entretanto, o acesso a esse bem encontra-se restrito no país, resultado da desigualdade social e do limitado alcance dos provedores de internet. Nesse sentido, o Brasil, com sua vasta dimensão territorial, é também um dos países mais desiguais do globo. Isso se reflete na conexão à internet, em que boa parte dos brasileiros, por não poderem arcar com os custos inerentes à essa tecnologia, são marginalizados dos ambientes digitais, ratificando, assim, a ideia de que toda tecnologia gera seus excluídos, do filósofo contemporâneo Pierre Lévy. Ademais, é notório a limitação da cobertura da internet, tendo em vista que boa parte dos provedores se situam em espaços urbanos privilegiados, privando, desse modo, periferias e áreas rurais do acesso.

     Portanto, com vistas a mitigar o desigual acesso à internet no Brasil, é necessário que o Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com prefeituras municipais, crie mais pontos de conexão “wi-fi” no país. Isso pode ser feito mediante a implantação dos chamados “hotspots”, isto é, rede sem fio, em praças e espaços públicos, sobretudo em regiões desprestigiadas, a fim de difundir os ambientes cibernéticos para cada vez mais pessoas. Com isso, as disparidades serão reduzidas e os brasileiros poderão, finalmente, usufruir do direito humano do século XXI declarado pela ONU.