O acesso à internet

A conectividade à internet propicia a integração de um grupo de indivíduos na vida em comunidade, permitindo o seu desenvolvimento sociocultural e o acesso quase instantâneo à informação. No que se refere ao grau de interconectividade atual, cabe frisar que a globalização, ao promover o avanço tecnológico e, consequentemente, econômico, contribuiu com a formação de uma sociedade da informação, em que a tecnologia e suas mídias sociais incutem na forma como as pessoas se relacionam entre si e com o mundo. Todavia, dificuldades e problemas surgem em virtude da falta de infraestrutura por parte de um país e da oportunidade desigual de acesso à rede mundial de computadores pela população.

Primeiramente, ressalta-se a necessidade de investir mais amplamente no setor de infraestrutura, visto que os meios de comunicação possibilitam a inclusão social, sobretudo, em tempos de crise como a da pandemia do Coronavírus – COVID-19. Entretanto, o país não investe suficiente na infraestrutura nacional; segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), apenas 1,4% do PIB, ou 87 bilhões, são direcionados para essa área. Tal descaso tem como efeito a falta de oportunidades igualitárias, em que a internet e seus serviços ficam limitados a uma parcela restrita da população, como é o caso da crise sanitária e econômica do COVID-19, na qual muitas pessoas tiveram dificuldades para receberem o auxílio emergencial do governo, por não possuírem os instrumentos ou o conhecimento digital necessário ao acesso do aplicativo governamental.

Ademais, um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) indica que a desigualdade de acesso à internet reflete outros tipos de adversidades e exclusões da sociedade brasileira no que tange a analfabetos, menos escolarizados, desempregados, população negra e indígena. Apesar dos avanços ofertados pelo surgimento das novas tecnologias de informação (TICS) e sua maior acessibilidade, ainda há uma distribuição irregular à comunidade nacional. Essa situação decorre, por exemplo, da falta de conhecimento dos indivíduos quanto ao uso, do nível de renda, da escolaridade, etc. Tal realidade demonstra uma carência pela qual o país ainda passa, por não haver uma política distributiva equitativa dos recursos auferidos às diversas camadas populacionais.

A Constituição Federal de 1988 tem como uma de suas premissas promover o desenvolvimento nacional, e uma das medidas mais eficazes a fim de chegar a essa empreitada é garantir o acesso às redes de informação. Desse modo, o Ministério da economia deve investir um maior percentual nos setores de comunicação e infraestrutura, pois o acesso à informação por meio das mídias tecnológicas permite uma maior capacitação cognitiva e social. Além disso, as instituições públicas e privadas de ensino devem possibilitar o uso da tecnologia por seus alunos, incluindo na grade curricular aulas de informática, no sentido de proporcionar o estudo da melhor forma de utilizar a internet e seus aparatos, formando desde cedo pessoas conscientes e eliminando, ainda, a possibilidade da exclusão digital.