Novas tecnologias e o mundo do trabalho: impasses de um novo mercado para os jovens brasileiros.

De acordo com o educador alemão Klaus Schwab, vive-se no século XXI a chamada 4° Revolução Industrial, comumente chamada de técnico-científico-informacional, conceito que visa primordialmente ao desenvolvimento tecnológico na sociedade hodierna. Atualmente, a difusão de aparelhos modernos e a consolidação do acesso à internet no Brasil marcam importantes conquistas no espaço nacional. Contudo, em função da negligência estatal na profissionalização juvenil e da falta de inclusão digital, surge uma problemática no país.

Segundo a Declaração Universal de Direitos Humanos, de 1948, o acesso à internet é direito de todos, assim como a liberdade de transmitir e de receber informações. No cenário atual, durante a pandemia de COVID-19, esse recurso tornou-se imprescindível à rotina dos jovens brasileiros, especialmente em virtude da educação à distância, que preconizava o uso de aparelhos digitais. Entretanto, mesmo com a difusão tecnológica em território nacional, muitos estudantes careciam desses dispositivos, fator que, além de afetar a escolarização desses, age em suas futuras vidas profissionais, considerando que as novas vagas de trabalho apresentam-se centradas em serviços dependentes das Tecnologias de Informação (TI). Assim, sem a democratização do acesso à internet no país, a prerrogativa do documento da Organização das Nações Unidas não se cumpre, impactando o labor juvenil.

Outrossim, os impasses na profissionalização dos jovens também contribui para a manutenção do problema. Nesse contexto, faz-se necessário citar o sociólogo Manuel Castells, o qual afirma que a comunicação e a tecnologia são a essência da vida social, econômica e política. Hodiernamente, a expansão do mercado de trabalho com foco nas novas tecnologias tem como principal exigência a formação técnica de seus funcionários, com ênfase nas Tecnologias de Informação, visando a habilidades como o desenvolvimento de softwares, de sites para empresas, segurança virtual, etc. Todavia, devido à falta de cursos de acesso gratuito oferecidos pelo Poder Estatal, muitos jovens com interesse na área e sem recursos financeiros expressivos são negligenciados, afetando sua participação na vida pública, como preconizado pelo estudioso espanhol.

Portanto, frente ao impasse exposto, é mister a aplicação de medidas que visem a sua mitigação. Inicialmente, o Ministério da Educação, em parceria com o Comitê Gestor da Internet no Brasil, deverá, a partir de verbas governamentais, distribuir gratuitamente aparelhos de tecnologia à população jovem, garantindo a instalação de torres de sinal de internet em regiões interioranas, a fim de assegurar a inclusão digital no país. Ademais, o Governo Federal, juntamente com a Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, deverá, por meio de capital público, trabalhar na criação de cursos técnicos direcionados à área de TI gratuitos destinados aos jovens brasileiros, com aulas ministradas por acadêmicos do setor tecnológico, com o intuito de profissionalizar a nova geração. Logo, a partir dessas ações, espera-se que o advento da nova Revolução Industrial impacte positivamente os indivíduos, assegurando seu sucesso laboral.