mobilidade urbana no século xx1: o ir e vir em questão na sociedade brasileira

A Constituição Federativa do Brasil de 1988, regulamento de maior hierarquia, assegura aos cidadãos brasileiros todos os direitos básicos universais. A mobilidade urbana, no que lhe concerne, não está exclusa nessa obra cívil. Porém, no contexto atual da nação, a prerrogativa de ir e vir está cada vez mais precarizada, fruto da negligência estatal e do funcionamento da sociedade brasileira.

Primeiramente, constata-se que o Estado, por ter maior poder de influência na vida de um povo, é um agente ativo na mobilidade urbana do Brasil. Segundo o filósofo John Rawls, o poder público deve interferir na sociedade, proporcionando um tratamento equitativo ao acesso de direitos aos formantes de diferentes camadas sociais. Dessa forma, o Governo não pode se ausentar da intervenção no sistema de transportes, pois as pessoas de classes sociais mais baixas dependem de sua intervenção, para transitar nas zonas urbanas do território. Sob essa ótica, o mau funcionamento da máquina pública negligencia o direito de ir e vir aos mais pobres, visto que eles necessitam do meio público de locomoção, devido a precificação inacessível dos automóveis particulares.

Ademais, percebe-se a necessidade constante nas cidades brasileiras de se deslocar, objetivado pelas atividades requisitadas diariamente. De acordo com o pensador Byung Chul-Han, a sociedade contemporânea está dominada pela agilidade e pelo alto desempenho nas tarefas do cotidiano. Dessa forma, torna-se indispensável o uso de um meio de locomoção para os brasileiros, uma vez que eles estão inseridos nessa dinâmica social. Sob esse viés, a falta de acesso a uma boa mobilidade urbana prejudica as pessoas que precisam transitar diariamente, como os trabalhadores.

Portanto, é mister que algo, com extrema urgência, seja feito. Então, o Estado deve investir fortemente nos modais de transporte – rodoviário, hidroviário, ferroviário e entre outros –, por meio de uma melhor reestruturação no uso do orçamento público, a fim de agilizar o trânsito nas zonas urbanas, melhorando a mobilidade urbana nas metrópoles do país. Somente assim, conforme a teoria de Rawls, o Estado cumprirá seu papel administrativo.