Maternidade e mercado de trabalho em questão no Brasil

            O filme norte-americano “Não sei como ela consegue” mostra o cotidiano de uma mulher moderna que tenta conciliar a vida profissional com os cuidados dos filhos. Concomitantemente a isso, é notório que a maternidade e o mercado de trabalho no Brasil diferem em grande parte, visto que mulheres mães são muitas vezes desvalorizadas e, dessa forma, acabam se desmotivando no emprego ou na busca por um. Seja pela ainda desigualdade salarial existente, ou pela difícil conciliação da jornada dupla das empresas e serviços domésticos, é de suma importância que um debate deve ser feito acerca desse tema.

          Nota-se que a desigualdade salarial entre empregados homens e mulheres é um dos motivos para a desmotivação das mulheres e, consequentemente, a não inserção no mercado de trabalho. O artigo 7° da Constituição Federal de 1988 proíbe a diferença de salários por sexo, entretanto, segundo dados do IBGE de uma pesquisa realizada em março de 2021, as mulheres recebem apenas 61,9% do salário dos homens, ainda que apresentem o mesmo nível hierárquico no local de trabalho. Ainda, na mesma pesquisa aponta-se que apenas 54,6% das que tem crianças estavam empregadas no Brasil. Logo, percebe-se que a grande desigualdade existente no Brasil, em que mulheres, por não aceitarem serem remuneradas de forma diferente, preferem não entram no mercado trabalhista.

            Outrossim, a responsabilidade duas vezes maior de ajustar a jornada de trabalho e os afazeres domésticos é extremamente evidente. Na Revolução Industrial, as fábricas prestavam seus funcionários a uma jornada diária de trabalho em torno de 16 horas. Sob esse viés, sabe-se que as leis trabalhistas não permitem mais esse expediente, sendo diminuído para 8 horas diárias, porém, os locais de trabalho pedem que as mulheres conciliem esse horário com as tarefas domésticas, tornando-se um fator limitador para o sexo feminino. Assim, a inserção feminina no mercado também é dificultada pela necessidade de conciliação da dupla jornada.

               Portanto, é necessário que a fiscalização da desigualdade salarial nos locais de trabalho seja mais rigorosa, por meio do Ministério do Trabalho, além de o mercado trabalhista investir em um novo modelo de licença parental, a fim de  conseguir balancear as responsabilidades entre homens e mulheres e não ver a contratação feminina como cara e arriscada. Ademais, as instituições de trabalho devem passar a adotar o modo de trabalho Home Office mais recorrente, com o fito de facilitar a articulação do cuidado em casa e o cuidado profissional.