Lixo eletrônico e os impactos socioambientais

No livro “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry, todas as manhãs, o personagem que dá nome à obra livra-se das mudas dos baobás, para que não cresçam e tornem-se um empecilho em seu pequeno planeta. Já fora da ficção, a sociedade brasileira não tem o mesmo zelo por sua nação, uma vez que o descarte inadequado de lixo eletrônico é um problema que afeta o país, gerando impactos socioambientais. Nesse sentido, as condutas irresponsáveis das empresas e da população precisam ser discutidas para reverter esse cenário.

A princípio, cabe ressaltar que os produtores de equipamentos eletrônicos não consideram os danos causados por suas ações ao privilegiarem o lucro. Sob tal perspectiva, o documentário “Obsolescência Programada”, de 2010, revela como os aparelhos atuais são feitos para terem uma pequena vida útil e, assim, estimular o consumo. A partir disso, pode-se afirmar que essa forma de produção é inviável a longo prazo, pois gera um acúmulo de resíduos poluentes – os quais, muitas vezes, são direcionados ilegalmente para países emergentes, intitulados como equipamentos de “segunda mão”. Logo, tal conjuntura configura-se como um procedimento imprudente que ameaça, principalmente, as pátrias menos desenvolvidas, como o Brasil.

Outrossim, é preciso apontar o papel dos cidadãos na existência desse impasse. Acerca disso, de acordo com o artigo 225 da Constituição Federal Brasileira, cabe ao poder público e à coletividade o dever de defender o meio ambiente e preservá-lo para as futuras gerações. Entretanto, percebe-se que os brasileiros não cumprem tal obrigação, visto que o abandono dos equipamentos eletrônicos, comumente, é feito de modo impróprio. Isso ocorre porque não é de conhecimento geral os prejuízos ao ambiente e à saúde que esses resíduos provocam, como: contaminação de recursos hídricos e o acarretamento de doenças. Dessa forma, faz-se necessária uma mudança na postura dos indivíduos.

Portanto, a fim de evitar o descarte indevido de e-lixo, urge que o Ministério do Meio Ambiente incentive as empresas a adotarem medidas sustentáveis, mediante a concessão de apoios fiscais para aquelas que implementarem formas de reciclagem e de coleta de seus produtos, já que isso promoverá a redução de componentes tóxicos na natureza. Somado a isso, o Ministério da Educação deve realizar campanhas de conscientização para informar à população os locais adequados para entregar seus produtos eletrônicos. Só assim, a cautela com a natureza não será uma característica apenas do Pequeno Príncipe.