Linchamento virtual

O escritor Buckminster Fuller afirma: ” A humanidade está adquirindo a tecnologia certa pelas razões erradas” o que evidencia o mau uso das mídias digitais. Nesse contexto, é notória a existência do recorrente linchamento virtual, esse que, devido a diversos fatores, causa adversas consequências, como a desconformidade de condenação. Dessa maneira, é de suma importância o debate acerca da problemática, a fim da harmonização entre o mundo tecnológico e a realidade.
A princípio, é possível observar a presença de várias causas mantenedoras dessa esfera. O linchamento digital ocorre, essencialmente, graças a personificação de um problema social, diante de ações consideradas politicamente incorretas pelo público, de maneira a criar um bode expiatório por parte dos envolvidos. Além disso, devido a democratização da justiça acompanhada pelo anonimato proporcionados pela Internet, é evidente a ausência do uso crítico desse âmbito, em que cada indivíduo aplica a todos os próprios valores. Logo, é explícita como a falta de empatia vinculada ao ilusório poder de justiça corroboram para nefasta realidade.
Como consequência disso, é fato a desproporção de punição, de modo a envolver, em muitos casos, a difamação e a injúria- considerados crimes pela Constituição Federal. Ademais, há o cancelamento dos influenciadores digitais e artistas, os quais ao perderem patrocinadores, colocam em risco suas carreiras, como visto no recente caso das blogueiras Gabriela Pugliesi e Mariana Saad, que ao exporem ações inadequadas no atual contexto, foram alvos de diversos julgamentos e perda de seguidores. Dessa maneira, torna-se concreto o ideal de violência simbólica, defendido pelo sociólogo Pierre Bourdieu, em que não há coesão física, mas danos morais e psicológicos nos envolvidos.
Em suma, ante a problemática, é essencial a adoção de medidas. Urge do Governo Federal vinculado às Delegacias de Cibercrime, a criação do órgão especializado no assunto, a fim de localizar e aplicar ações punitivas justas aos linchadores. Outrossim, deve, a partir do Ministério da Educação junto à mídia, a criação e propagação de campanhas, em TVs e escolas sobre a importância da empatia e do uso racional da Internet, para que o respeito seja presente na esfera tecnológica. Isso posto, haverá supracitada harmonia entre o mundo digital e a realidade.