Limites entre estética e saúde

Na série “Barbie: Life in the Dreamhouse”, em vários episódios há a presença de uma rival da personagem Barbie: Raquelle, em que a mesma realiza diversos planos para atingir sua inimiga e se tornar melhor que ela, mas sempre fracassa. No atual contexto brasileiro, a ficção apresentada não é diferente, visto que as pessoas – principalmente as mulheres – se comparam muito em relação ao corpo e fazem de tudo para terem uma aparência no “padrão” (como, por exemplo, um corpo sarado, com músculos, seios e, caso não possuam, realizam procedimentos estéticos). Posto isso, há duas entraves que facilitam a disseminação dessa problemática: as influências exercidas pelas redes sociais e o pouco investimento na educação.

A princípio, é válido analisar como as influências através das redes sociais tornam os indivíduos a agirem diferente na sociedade. Diante disso, podemos fazer uma breve relação com o pensamento do sociólogo Niklas Luhmann, em que ele diz que aquilo que sabemos sobre nossa sociedade, ou mesmo sobre o mundo a qual vivemos, o sabemos pelos meios de comunicação, ou seja, somos informados das notícias – e isso inclui os mais variados tipos de procedimentos estéticos existentes no mercado juntamente com as mulheres exibindo suas cirurgias – do país através das redes sociais. Dessa forma, a procura por médicos da área se tornaram cada vez mais frequentes. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, mais de 1,5 milhão de procedimentos estéticos são realizados no país todos os anos. Logo, é perceptível que a sociedade está cada vez mais doentia, colocando a aparência superior à saúde, por causa das redes sociais que mostram as pessoas com o corpo escultural, musculosos e fitness, enquanto os consumidores desses conteúdos se sentem inferiores, se comparam a elas e, com isso, decidem recorrer à estética. Diante desse cenário, medidas cabíveis precisam ser tomadas.

Ademais, a educação a cerca da autoaceitação e respeito ao próximo ainda é precária. De acordo com o filósofo Immanuel Kant, o indivíduo é aquilo que a educação faz dele, em que o ensino se torna a arma mais poderosa que há para a formação de uma sociedade de mente saudável. Dessa forma, pode-se destacar o descaso do governo com a educação, – principalmente nas escolas – pois é no ambiente escolar que as pessoas, desde o primário, aprendem sobre seu corpo, a cuidar de sua mente e ajudar o próximo. Porém, uma pesquisa feita pelo site G1, em 2015, aponta que pouco mais de 18% dos pesquisados disseram que o bullying ocorreu devido a aparência de seu corpo. De acordo com os dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, dos quase 1,5 milhão de procedimentos estéticos realizados em 2016, 97 mil desses procedimentos foram realizados em pessoas com até 18 anos de idade. Logo, é explícito que a juventude está alucinada com a estética e pouco se importando com a saúde. Assim, nota-se que é necessário mudanças na educação para reverter esse quadro.

Sendo assim, é imprescindível que o Estado, por intermédio dos Ministérios da Educação e Saúde, invista na realização de palestras em escolas e na contratação de psicólogos para atender publicamente a sociedade, – coadjuvando para a redução de bullyings e realização de procedimentos estéticos de forma precipitada – de modo a garantir o bem-estar da mente das pessoas e fazer com que eles vejam que são perfeitos do jeito que vieram ao mundo, com a finalidade de tornar uma civilização mais humana e de bem com a saúde. Assim, tornar-se-á possível a construção de um país melhor para todos os brasileiros e revertendo situações já apresentadas, como a rivalidade de Raquelle com a Barbie.

Obs1: separei assim pois não consegui dar espaço no início de cada parágrafo.

Obs2: ficaria muito grata de puderem dar nota pra minha redação. <33