Limites entre a estética e a saúde

Narciso, o vaidoso personagem dos Mitos Gregos, apresenta uma intensa obsessão pela aparência, a qual resulta em sua morte. Atualmente, esse comportamento tornou-se crescente, intrinsecamente ligado à realidade contemporânea, em que o indivíduo ultrapassa os limites da saúde em prol da estética, considerada como ideal. Com isso, surgem diversas problemáticas sociais, sendo elas, produtos da ação massiva da mídia e da insuficiência de orientação familiar.

É indubitável que a intensiva atuação midiática, responsável pela naturalização e reprodução de determinado padrão estético, esteja entre as principais causas potencializadoras do problema. Conforme o filósofo Adorno, os meios de comunicação reforçam, bem como consolidam, o caráter de exclusão entre grupos sociais. De maneira análoga, observa-se que esse setor exerce um poder coercitivo e de alienação sobre a população.

Segundo pesquisas, as cirurgias plásticas e o uso de anabolizantes esteroides cresceram, respectivamente, cerca de 141% e 75% entre os adolescentes durante os últimos dez anos, destacando o impacto negativo do culto ao corpo sobre a juventude. De acordo com sociólogo Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de pensar e agir. Através dessa perspectiva, nota-se que se uma criança vive em uma família que estimula a busca pela beleza padronizada, futuramente, estará propensa a adotar esse mesmo perfil comportamental devido a vivência em grupo.

Infere-se, portanto, que o estereótipo padronizado de estética é um mal para o país. Desse modo, é necessário que a mídia assuma a responsabilidade como formadora de opinião, de maneira, a promover debates e reflexões. Bem como, cabe a escola o papel de fomentar questionamentos através de palestras educativas, visando informar crianças e jovens. Além disso, a família deve orientar os filhos, proporcionando, no futuro, cidadãos conscientes. Assim, poder-se-á desenvolver indivíduos informados que estarão distantes do perfil do jovem grego.