Internet: a Cultura do Cancelamento

No livro Microfísica do Poder, do filósofo francês Foucault, é discutido a inserção do poder em instituições sociais que querem controlar os corpos e comportamentos. De forma análoga no Brasil contemporâneo, a arte de cancelar os indivíduos na Internet resulta em diversos fatores negativos prejudiciais ao “cancelado”. Assim, cabe a análise acerca de causas, consequências e possível solução dos problemas.

Inicialmente, é possível destacar a falta de respeito de opiniões contraditórias como um dos motivadores para esse impasse. Na Internet, essa prática é bastante comum entre os internautas, principalmente na rede social Twitter, em que os usuários tem fácil disponibilidade para expressar seus pontos de vista. Entretanto, é inaceitável esse costume, uma vez que ao julgar e cancelar o indivíduo, poderá acarretar em problemas futuros, sendo o mais perigoso: o suicídio.

Da mesma forma, é viável salientar que a falta de saúde mental provocada devido aos ataques repentinos da ‘web’ colabora para um arriscado legado de doenças psicológicas. O filósofo espanhol Adolfo Vázquez afirmava, em linhas gerais, que o aumento da frequência de um determinado evento ocasionaria, erroneamente, sua naturalização. Diante disso, é nociva a percepção de que se o ato de cancelar não for erradicado urgentemente, poderá haver aumento considerável de casos de transtornos e outras doenças mentais.

Portanto, a mídia, com a veiculação de propagandas de orientação nas redes sociais, deve auxiliar a mobilização social em relação a cultura do cancelamento por meio de parcerias público-privadas. Espera-se com isso, tolerar a divergência de ideias, e só assim poderíamos nos livrar da prisão do pensamento e comportamento, como Foucault sintetizou.