“Insegurança alimentar no Brasil”

No clássico filme “O Auto da Compadecida” é mostrado como os protagonistas João Grilo e Chicó estão, para evitar a fome, desesperados para conseguir um emprego e ganhar dinheiro. Infelizmente, fora das telas, a insegurança alimentar também se faz presente no Brasil. Logo, é crucial a análise das suas causas e consequências, as quais destacam-se: a negligência estatal e o declínio da saúde.

A princípio, é importante destacar a débil ação federal como mantenedora do problema. Só para ilustrar, segundo o filósofo contratualista John Locke, a manutenção da vida é um direito inalienável da população, o qual o Estado possui obrigação de cumprir, mediante o pagamento de impostos. Todavia, a atualidade vai contra esse pensamento, por ser notável uma piora na situação alimentar nacional, marcada pelo retorno do Brasil ao “Mapa da Fome”, da Organização das Nações Unidas — ONU — em 2015. Dessa forma, é evidente a falta de políticas públicas eficientes e a inércia governamental para mediar o impasse e cumprir o contrato social previsto por Locke.

Ademais, as consequências da conjuntura também devem ser consideradas. Isso pode ser exemplificado na frase: “Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio”, do médico grego Hipócrates, considerado o pai da Medicina. Nessa perspectiva, um povo sem nutrição assegurada é sinônimo de um povo sem saúde, considerando-se que a escassez de alimentos pode gerar anemia, desnutrição crônica, déficit no desenvolvimento, entre outros. Assim, inadmissível que esse cenário perdure.

Portanto, medidas precisam ser tomadas para resolver o impasse. Ou seja, o Governo Federal deve frear a insegurança alimentar por meio de investimentos em hortas comunitárias em escolas e praças públicas, localizadas principalmente próximas a zonas de classe baixa. Além disso, também deve haver um aumento da verba para hospitais e postos de saúde, visando a contratação de nutricionistas e profissionais da área. Por fim, essas ações teriam a finalidade de afastar a realidade verde-amarela daquela vivida por João Grilo e Chicó.