Gordofobia

O filme “Dumplin”, original Netflix, aborda a história de Willowdean, uma jovem gorda que sofre ataques gordofóbicos de sua própria mãe. A princípio os comentários pejorativos não a atingem, mas no decorrer da trama a personagem revela a mágoa causada pela falta de aprovação. Fora das telas, é fato que a realidade de vários indivíduos é a mesma de Willowdean, visto que, a sociedade impõe padrões, intensificando o preconceito e a insatisfação com o próprio corpo, dando espaço para a disseminação de ódio nas mídias digitais que invisibilizam a gordofobia e validam o corpo padrão.

Em primeiro plano, entende-se que o preconceito é um fator crucial para a existência do entrave na população, uma vez que, a pessoa gorda é tratada de forma indiferente. O estereótipo de má saúde e alimentação imposto a esses indivíduos dificulta a aceitação no mercado de trabalho, tratados como “inadequados” para o perfil da empresa. De acordo com o filósofo São Tomás de Aquino, todos os indivíduos são dignos e tem mesma importância, entretanto, isso não ocorre no Brasil, em vista da cultura gordofóbica que condecora com o mal-estar do corpo social, dado que, o mesmo foi feito para pessoas magras, reprimindo uma grande parcela da sociedade que não é representada ou possui respeito.

Outrossim, a nebulosidade midiática também pode ser apontada como promotora dessa problemática. Na perspectiva do filósofo Nicolau Maquiavel, poucos veem o que somos, mas todos veem o que aparentamos. Na esteira desse pensamento, a discriminação é reflexo desse obstáculo, pois a idealização do corpo perfeito é mais relevante para a mídia do que as “imperfeições” de um corpo real, alavancando a insatisfação das pessoas e a incessante busca por beleza. Dessa forma, quem possui sobrepeso se vê cada vez mais excluído da vida moderna, tal fato comprova o quanto a sociedade atual é alienada e não se importa com o próximo. Sob essa ótica, entende-se que o cidadão inclina adotar essa “atitude” com a gordofobia, mantendo uma postura apática e inerte.

Em suma, são necessárias medidas capazes de mitigar esse quadro alarmante. Para tanto, cabe a Mídia introduzir uma maior representatividade para as pessoas gordas nos meios digitais, por meio de pôsteres, propagandas e informações que eliminem os estereótipos impostos a essa comunidade, favorecendo a normalização do corpo gordo e o alcance de respeito para esses cidadãos. Assim pode-se-á minimizar a discriminação e insatisfação da população com o próprio físico. Deste modo, o filme “Dumplin” não será uma representação da sociedade brasileira hodierna.