[FUVEST 2021] O mundo contemporâneo está fora de ordem?

Título: Sociedade do conflito: a economia como obstáculo para alcançar o progresso

Obs: Esse modelo de redação não exige proposta de intervenção.

O filósofo alemão Friedrich Hegel afirma em sua teoria que o homem é filho de seu tempo, sendo este vulnerável a conflitos que induzem a humanidade ao progresso. No entanto, ao analisar a sociedade atual, percebe-se que os conflitos de cunho econômico comprometem as relações humanas, tanto no fator social, pautado em interesses pessoais, quanto no ambiental, em que nota-se a despreocupação com a escassez de recursos. Diante desse cenário, é possível afirmar que o mundo contemporâneo está fora de ordem, o que torna inviável a sua ascensão.
Em primeira análise, é perceptível que a economia tornou-se critério fundamental na construção das relações humanas. Sob essa perspectiva, a célebre obra de Machado de Assis, “Quincas Borba”, possui elementos capazes de exemplificar a situação referida. No decorrer do enredo, o personagem Rubião é exposto ao chamado de “parasitismo social”, pois é rodeado por falsas amizades que se aproveitam de sua riqueza por benefício próprio, como o casal Cristiano e Sofia Palha. Fora da ficção, nota-se na contemporaneidade, o enfraquecimento das relações afetivas semelhante ao exemplo citado, que são formadas e modificadas por interesses econômicos dos indivíduos, e não mais por relações sólidas e verdadeiras. Desse modo, tem-se a desordem mundial refletida na interatividade pautada na hierarquização social.
Fora do contexto social, o mundo contemporâneo mostra-se, também, desordenado sob a ótica ambiental, cada vez mais degradada em função do lucro. Nesse sentido, assim como afirmavam os filósofos da Escola de Frankfurt, as tecnologias atuais fundamentam-se em uma razão instrumental, ou seja, devem agir com a finalidade de produzir capital para quem as possui, e não para preservar o meio ambiente. Por essa razão, vê-se, cada vez mais, o desgaste de recursos naturais do planeta, sendo estes renováveis ou não, fator que pode comprometer o bem-estar de gerações futuras e, consequentemente, o progresso da humanidade. Compreende-se, portanto, que o pensamento desordenado que compõe a contemporaneidade é também nocivo para a vida na Terra.
Diante das ideias apresentadas, fica explícito que, no mundo contemporâneo, a supervalorização do poder econômico contribuiu para a desordem das relações em geral. As dinâmicas sociais e ambientais estão, atualmente, prejudicadas e enfraquecidas pelo domínio completo do capital sobre os indivíduos. Observa-se, então, que, apesar de conflitante, a sociedade atual, por estar fora de ordem, ainda encontra-se distante de alcançar a progresso proposto por Hegel.