Mestre

Feridas que não saram com o tempo

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Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira (ENEM 2015)

No conto europeu “Barba Azul”, a personagem principal casa-se com um homem aparentemente carinhoso e amável. Todavia, logo após sua lua de mel, ela descobre um cômodo no qual seu marido guardava os corpos ensaguentados de suas esposas anteriores, que haviam desaparecido. Horrorizada, a protagonista se vê numa fuga para salvar a própria vida. Paralelo à ficção, este mesmo medo está presente no cotidiano de muitas mulheres brasileiras. A agressão física e mental a este grupo ganhara mais atenção da mídia na última década, mas esteve presente desde o início das sociedades ocidentais. Logo, a violência contra a mulher é um problema histórico e deve ser tratado como tal.

Em primeira análise, vide a Antiguidade; período no qual as mulheres não eram sequer consideradas cidadãs e eram, portanto, impedidas de se pronunciarem politicamente. Mais adiante, na Modernidade, o sistema social seria unanimemente patriarcal e as mulheres desumanizadas, ao serem reduzidas a propriedades. Finalmente, na Revolução Francesa, tal cenário de desigualdade amenizou-se levemente, em decorrência à participação vital das mulheres nas manifestações e lutas revolucionárias. Ao considerar estes eventos, é, pois, irrefutável afirmar que a discriminação e preconceito perante o gênero feminino está estruturado na cultura ocidental.

De acordo com o Historicismo Hegeliano, uma sociedade e sua cultura são definidos pela sua história. Por este ângulo, o fato das mulheres terem sido condicionadas a uma posição de submissão em segundo plano por séculos contribui para desigualdade entre os sexos na sociedade hodierna. Este fator, por sua vez, colabora com a pertinência dos crimes de ódio, cujas motivações dos agressores são comumente relacionadas à vítima não agir consoante ao que lhe é esperado com base em preconceitos históricos referentes ao seu gênero — como as expectativas da mulher ser passiva e obedecer ao marido ou outra figura masculina. Retomando ao conceito do Historicismo, se uma ideologia é sustentada no percorrer dos anos, é lógico que ela tende a persistir se não forem tomadas providências para exterminá-la.

Em suma, as práticas de violência a mulher só serão abolidas quando tratadas pelo ponto de vista histórico. Para isso, requer-se que as escolas tratem deste tema por meio de aulas de História e Sociologia, além de promoverem debates e reflexões entre alunos e professores sobre como esta problemática surgiu, porque ela se mantêm na sociedade contemporânea e o que pode ser feito para evitar que continue no futuro. Assim que o corpo social suceder em analisar como o passado moldou as ações e percepções do coletivo perante o gênero feminino, será possível modificá-las para impedir que agressões a mulheres ocorram no futuro.

Adoraria muito se pudessem dar nota de acordo com as competências, mas se não for possível, a correção será igualmente bem vinda. Agradeço desde já por qualquer crítica construtiva!

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2 Correções

  1. Excelente introdução, mas senti falta de um encaminhamento mais evidente para o desenvolvimento.
    Incrível repertório sociocultural! Porém, o início do segundo paragrafo ficou confuso, pois já que o termo “em primeira análise” foi utilizado, espera-se que haja uma explanação do fato histórico citado.
    Conclusão boa, mas sem o detalhamento necessário e sem a pertinência dos demais elementos: agente, ação, modo, efeito.
    C1:200
    C2:200
    C3:160
    C4:160
    C5:120
    Nota: 840

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  2. Oi tudo bem? Eu gostei MUITO do seu texto, parabéns mesmo, ficou muito bom!
    Único detalhe que eu reparei, foi que você poderia ter utilizado conectivos os inícios de períodos, pq por não ter usado você perderia muito ponto na competência 4 ( que fala que precisa utilizar e não repetí-los) exemplos são : nesse contexto / desse modo / nesse âmbito / assim / isso..

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