Felicidade à venda

Madame Bovary, a burguesa personagem de Gustave Flaubert, busca suprir as frustrações amorosas com o ato de consumir assiduamente. Atualmente, esse comportamento tornou-se crescente, intrinsecamente ligado à realidade contemporânea, em que o indivíduo associa prazer com o consumo. Com isso, surge a problemática do consumismo desenfreado, sendo ele, produto da insuficiência de orientação familiar e da ausência de programas de educação financeira.

É indubitável que a construção social, inserida pelo sistema capitalista, de associação do bem-estar com a compra, esteja entre as causas potencializadoras desse problema. Conforme Marx, o termo ideologia pode ser compreendido como um cimento social introduzido pela classe dominante. De maneira análoga, observa-se que o desenvolvimento da sociedade industrial exige, de modo constante, um número maior de consumidores, justificando a aplicação ideológica.

Segundo pesquisas, 76% dos brasileiros não praticam consumo consciente, ressaltando o relacionamento desarmonioso entre consumidor e produto. Como consequência, nota-se uma população gradativamente imediatista, hedonista e individualizada. Gerando, então, distúrbios psicológicos ligados a compulsão.

Infere-se, portanto, que o consumismo é um mal para o país. Dessa forma, é necessário que o Governo implante programas de conscientização através de propagandas que estimulem o pensamento crítico. Assim como, cabe a escola o papel de introduzir a educação financeira na grade curricular e palestras educativas, visando informar crianças e jovens. Além disso, a família deve orientar os filhos, proporcionando, no futuro, cidadãos conscientes. Assim, poder-se-á desenvolver consumidores informados que estarão distantes do perfil de Madame Bovary.