FAKE NEWS: UMA DOENÇA VIRTUAL QUE PRECISA SER COMBATIDA NO BRASIL

Em 1937, sob o falso informe de uma ação comunista contrária ao governo vigente, Getúlio Vargas justificou o fechamento do Congresso Nacional e assegurou sua permanência no poder até 1945, ano em que a farsa foi descoberta. Na atualidade, é notório que, de forma consoante à década de 30, as notícias falsas comprometem a liberdade de escolha do povo, na medida em que são compartilhadas por autoridades, e acarretam a difusão de ideias controversas, uma vez que parte da população não verifica o conteúdo que lhe foi apresentado.

Primordialmente, vale ressaltar que o compartilhamento de falsas informações por parte de autoridades é aspecto danoso à liberdade de escolha do cidadão. De acordo com o filósofo sistemático Aristóteles, a liberdade plena de escolha ocorre quando não há fatores que impeçam ou influenciem as decisões tomadas pelos indivíduos. Sob essa ótica, é possível perceber que a realidade do Brasil contraria o conceito aristotélico, haja vista que autoridades, pessoas prestigiadas e que conferem maior veracidade aos informes, compartilham conteúdos inverídicos em prol da garantia de seus interesses, como observado na farsa arquitetada por Getúlio Vargas em 1937. Dessa forma, a população é induzida a tomar determinado posicionamento e abre mão de seu poder de decisão, acreditando fielmente nos Ídolos do Teatro outrora desmascarados por Bacon.

Em segunda análise, cabe enfatizar que a passividade da população diante dos informes falsos é fator prejudicial ao bom funcionamento da sociedade. O filósofo Sócrates, em sua busca pela verdade, defendia a indagação constante e o questionar dos conhecimentos adquiridos. Nesse sentido, percebe-se que a realidade brasileira difere da tese proposta por Sócrates, tendo em vista que a população se mostra passiva diante dos conteúdos falsos que lhe são apresentados e, consecutivamente, defende posicionamentos muitas vezes incoerentes, como o antissemitismo adotado por Getúlio Vargas durante a ditadura do Estado Novo. Dessa forma, a alienação popular perante as falsas notícias permite a proliferação de ideais controversos e deve, pois, ser combatida.

Portanto, faz-se necessário que o Estado intervenha para que o cenário atual seja alterado. A fim de conscientizar a população sobre os perigos das falsas informações e sobre como evitar sua proliferação, o Ministério da Educação deve, por meio de verbas governamentais, fornecer, às comunidades, materiais didáticos que contenham formas de atestar a veracidade dos informes, sugerindo aos habitantes que pesquisem as fontes do conteúdo compartilhado e o posicionamento do veículo responsável pela publicação. Destarte, a liberdade de escolha do povo será respeitada e situações como a presenciada em 1937 dissociar-se-ão da sociedade brasileira.