Dentro do recente fenômeno da desinformação, reflexo de nosso mundo pós-moderno, em que produtores de notícia manipulam informações para atingirem objetivos escusos, um dos recursos mais utilizados são as fake news. Mesmo apontada por alguns especialistas como um paradoxo em si mesma, além de ser um anglicismo nos países de língua não-inglesa, o termo pegou em todos os cantos do mundo. Considerando-se que “news” significa “notícia(s)” e “fake” quer dizer “falso” em inglês, o fato de ser possível uma notícia, que é um conteúdo informacional que precisa ser divulgado com certa urgência, sob risco de perder sua função informativa, ser tomada de antemão com falsa já inviabiliza sua função precípua.
Se em 2016, o dicionário Collins elegeu “pós-verdade” como o termo do ano, um eufemismo para “mentira”, em 2017 o termo vencedor foi “fake news”. Uma progressão natural, aparentemente.
Consequência da pós-verdade, a “fake news” subverte o princípio da notícia: em vez de ditar o fato como verdadeiro em si, pois supõe-se que foi checado por jornalistas profissionais, como ocorre com uma notícia fidedigna, uma “fake news” joga, maliciosamente, essa decisão para a plateia. O que se lê ou ouve é um fato ou apenas uma mentira? Em um contexto de pós-verdade, de mudanças muito rápidas, que se esvaem de nossas mãos como água, para citar o filósofo polonês Sigmunt Bauman em sua concepção de modernidade líquida, fatos comprovados influenciam menos que crenças pessoais ou opiniões tomadas sob emoção. Portanto, este cenário é bastante fértil para a disseminação de fake news, especialmente quando elas encontram um meio tão favorável para se propagarem, como as redes sociais. Visto sob o grande guarda-chuva da desinformação, esta pequena praga causa muitos estragos por onde passa.
Um temor real desta realidade em que vivemos hoje está encarnado na potencialidade terrivelmente danosa do novo coronavírus. Para o enfrentamento de mais esta pandemia de saúde global, tudo o que precisamos é de verdade e confiança nas instituições responsáveis por administrar esta ameaça iminente. Mais que alimentar preconceitos, estimular grupos de ódio, interferir em processos eleitorais, a disseminação de fake news neste contexto pode simplesmente matar. O pânico e o uso indiscriminado de orientações inócuas só servem aos senhores feudais da desinformação.
Nesse sentido, para além da conscientização do grande prejuízo de qualquer fake news, é preciso promover, nas escolas e fora delas, a educação midiática para checar informação antes de repassar, buscando fontes idôneas. Afinal, tanto como produtores, como receptores, temos responsabilidade compartilhada neste contexto. Outrossim, pronunciamentos oficiais de figuras públicas, instituições e órgãos diretamente responsáveis por informações sensíveis, como o Presidente da República, Universidades e o Ministério da Saúde, por exemplo, devem ser equilibrados e absolutamente confiáveis, sob o risco de perda da credibilidade necessária para nortear ações propositivas de efeito prático. Punições severas, dentro de regulamentação e leis específicas, são perspectivas de demandas bem reais. Caso contrário, talvez o termo “fake news” volte a atormentar o dicionário Collins novamente. E as seções policiais.
Lucas Matheus Guimarees
Oi, Magali, tudo bem?
Quem texto, hein. Parabéns. Você demonstra realmente muito conhecimento sobre o assunto e também algo que nem todos fazem: planejamento textual.
Não há muito o que dizer em questão de repertório. Vou focar em alguns aspectos bons e ruins que reparei.
– Na sua introdução, senti falta de uma tese bem definida. Sinto que você acabou explicando demais a problemática e acabou se perdendo em definir a tese.
– Não entendi o segundo parágrafo, por que não conectado ao terceiro parágrafo?
– Adorei o terceiro parágrafo, aliás. Você expôs seu ponto com propriedade e fez algo muito raro, e certo, de se ver: iniciou, desenvolveu e encerrou seu argumento dentro do próprio parágrafo.
– Achei sua conclusão um pouco confusa. Você utilizou uma estratégia de múltiplos agentes focados em uma mesma ação, cada um fazendo sua parte, mas talvez seria mais interessante focar em apenas 1 ou 2 bem detalhadamente, não?
Sobre o debate acerca das aspas no termo fake news, não creio que é de extrema importância, o meu ponto é que existem diversas palavras da língua inglesa que foram absorvidas pelo português, tais como internet e online.
Resumindo, gostei bastante do seu texto, Magali, parabéns. A minha humilde nota para ele é 940.
Espero ter contribuído. Vamos trocar conhecimentos, qualquer dúvida estou à disposição. Bons estudos!
Magali
Oi, Lucas, obrigada pelos comentários! Sobre o segundo parágrafo, já comentado antes pelas meninas e agora por você, vejo que deveria estar no terceiro, como uma introdução, talvez. E quanto à conclusão, também aceito novamente a dica da explicitar o agente. Vou dar atenção a isso, obrigada!
gislaine suelen pereira
Boa tarde Magali ! vou tentar ser mais direita e objeitva , e expor meu ponto de vista , achei seu conteudo muito rico em detalhes, observa-se que voce tem um grande conhecimento do assunto . Uma ferramenta que podera te favorecer muito , desde que voce tambem se aprimore mais em colocar as ideias em ordem . Sobre a introduçao , ” fake news mata” sera que voce nao generalizou ? logo de cara! logo de inicio voce ja entrou no assunto , voltado a uma narrativa negativa , diferente do enunciado proposto .ao meu ponto de vista , ficou uma coisa muito robotizada , algo no sentido “copie e colei “, talvez sua intençao nao tenha sido esta , mas ate nisso temos que tomar cuidado , e organizar as ideias que venha de encontro com nossas proprias ideias .
Bom espero ter ajudado .
abraços
Magali
Oi, Gislaine, entendi sua observação. Na verdade, tenho muita dificuldade com os títulos, por isso a sua impressão é válida. Não tive essa intenção, mas concordo que já entrega minha tese de cara. Poderia ter elaborado um pouco. Vou pensar em algo melhor na re-escrita, só como exercício. Muito obrigada!
Larissa Ferreira da Silva
Olá, eu achei o seu texto muito bom mas gostaria de deixar algumas observações importantes que podem te ajudar a melhor sua redação.
Sempre que você usar alguma expressão a coloque entre aspas, no primeiro paragrafo você usa a palavra Fake news e não a coloca entre aspas.
Outra coisa ainda no primeiro paragrafo eu colocaria a palavra língua não-inglesa também entre aspas.
Eu daria uma outra olhada no segundo parágrafo e tentaria dar uma melhorada nele.
No terceiro parágrafo você faz uma pergunta, tente deixar clara a resposta para essa pergunta.
Na conclusão eu senti falta de quem irá realizar essas ações.
Espero ter ajudado.
Magali
Obrigada, Larissa, vou seguir suas dicas! Especialmente quanto ao uso da expressão fake news, passou batido na minha revisão as aspas necessárias cada vez que o termo aparece. E na conclusão, os agentes são diluídos, alguns são indeterminados, como os redatores dos pronunciamentos, geralmente o pessoal das assessorias. Vou deixar mais clara essa informação sim, obrigada!