Evasão escolar e suas implicações para a sociedade brasileira

No contexto de afirmação do ideal sociológico, Émile Durkheim propôs que a educação é uma forma de socialização da jovem geração para a adulta. Por meio disto, infere-se que as consequências no mercado de trabalho e na formação pessoal do indivíduo estão diretamente ligadas ao processo educacional e a sua eficiência. Logo, uma falha em tal método caracteriza instabilidades no cenário socioeconômico brasileiro. É assim que a evasão escolar entra como principal impasse para o desenvolvimento do país.

A priori, constrói-se um ciclo social no qual a própria deficiência na economia impulsiona a desistência dos estudantes. A necessidade de ajudar no sustento familiar e participar no setor laboral logo cedo tem sido a maior causa de defasagem educacional. Dados do relatório do Bando Mundial apontam que 1 em cada 3 brasileiros de 19 anos encontra-se fora da escola por esse motivo. Não obstante, os fatores vão além: a uberização e a informalidade do trabalho formam um cenário precário de ajuda ao país em nível nacional. Em um país que depende de toda a participação jovem na economia, tendo visto o envelhecimento populacional, enfrenta-se a falta de priorização estudantil, que já se espalha pelas camadas sociais.

Por consequência, tais pretextos continuam o ciclo à medida que afetam diretamente o nível de criminalidade e a taxa de desemprego no país. O envolvimento com o tráfico de drogas e a violência tem crescido recentemente, e estima-se que o governo gaste mais de 18 mil reais no combate à criminalidade por estudante que não conclui o Ensino Médio. Estes dados justificam a citação “Educai as crianças e não será preciso punir os homens” de Pitágoras, filósofo grego, à medida que mostra a relação de causa e consequência dos dois fatores. Ademais, o baixo preparo educacional e profissional dos jovens contribui para a dificuldade de inserção no mercado de trabalho, implicando um aumento na taxa de desemprego.

De modo que se percebe a influência da escolaridade na sociedade, formula-se um cenário de urgência no combate à evasão escolar. Portanto, é inadiável que o governo, aliado ao Ministério da Educação, crie projetos que subsidiem a permanência no ambiente escolar, por meio de incentivos financeiros retirados dos impostos de escolas privadas. Assim, edifica-se uma conjuntura de combate ao abandono escolar, impedindo que o ciclo social se repita, e garantindo a formação adulta e completa dos jovens, como propôs Durkheim.