Evasão Escolar

“Construímos muitos muros e poucas pontes”. Essa afirmação do teólogo e cientista inglês Isaac Newton pode ser facilmente aplicada ao comportamento da sociedade diante da evasão escolar, já que esse entrave é marcado no corpo social por concentrar a construção de barreiras sociais e a escassez de medidas para a sua erradicação. Desse modo, atuam agravando o quadro central não só o silenciamento e a ocultação do impasse, mas também a negligência estatal.

Em um primeiro plano, é importante pontuar que a carência de discussões acerca da evasão escolar é um dos motivadores do impasse. À vista disso, segundo o sociólogo Karl Marx, em sua teoria do “Silenciamento dos Discursos”, alguns temas são omitidos na sociedade a fim de se ocultar as mazelas sociais. Sob essa perspectiva, na sociedade brasileira contemporânea, a visão do autor pode ser aplicada quanto a crescente prática da saída de pessoas nas escolas, seja por não possuírem condições financeiras para o deslocamento, seja por não conseguirem conciliar trabalho e escola, porquanto, o assunto pouco é debatido no âmbito midiático, o que acarreta a manutenção do problema no país e com isso, os índices da evasão escolar cada vez aumentam mais, fazendo com que esse público não tenham condições de mudar de vida através do estudo. Desse modo, devido à carência de visibilidade dada à questão, a problemática se mantém no Brasil.

Ademais, a inércia estatal inviabiliza a desigualdade social advinda da evasão escolar. A esse respeito, o filósofo inglês John Locke desenvolveu o conceito de “Contrato Social”, a partir do qual os indivíduos deveriam confiar no Estado, que, por sua vez, garantia direitos alienáveis à população. Todavia, os índices negativos de jovens fora da sala de aula evidencia que o Poder Público brasileiro se mostra incapaz de cumprir o contrato de Locke, na medida em que esse público possui uma desvantagem em relação aos jovens que estudam, uma vez que se prioriza uma formação tanto para uma vaga de emprego, tanto para mudar de vida, o que representa grave problema. Dessa maneira, enquanto omissão estatal se mantiver, o Brasil será obrigado a conviver com uma das mais cruéis mazelas para a população: o descaso com a educação.

Por conseguinte, torna-se indispensável a adoção medidas capazes de combater a mazela descrita. Para tanto, cabe ao Ministério da Educação e o da Saúde, em uma ação conjunta aos governos estaduais e municipais, elaborarem emendas constitucionais que assegurem o direito ao estudo, dando suporte aos jovens. Com o direcionamento de verbas, é possível custear o deslocamento de pessoas à margem da pobreza ou em situação de vulnerabilidade, bem como dar premiações caso atinjam 75% de presença no mês, por exemplo, a fim de dar incentivo aos mesmos. Além disso, com a finalidade de romper com o silêncio, campanhas de divulgações devem ser impostas tanto em canais de televisão como nas redes sociais a fim de informar a população sobre a temática exposta. Somente assim, poder-se-á construir mais pontes ao invés de muros, dando outra percepção ao pensamento de Isaac Newton.