Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do século XVI ao XXI, o pensamento machista consolidou-se e permaneceu forte. A mulher era vista, de maneira mais intensa na transição entre a Idade Moderna e a Contemporânea, como inferior ao homem, tendo seu direito ao voto conquistado apenas na década de 1930, com a chegada da Era Vargas. Com isso, surge a problemática da violência de gênero dessa lógica excludente que persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.
É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. De acordo com Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a agressão contra a mulher rompe essa harmonia, haja vista que, embora a Lei Maria da Penha tenha sido um grande progresso em relação à proteção feminina, há brechas que permitem a ocorrência dos crimes, como as muitas vítimas que deixam de efetivar a denúncia por serem intimidadas. Desse modo, evidencia-se a importância do reforço da prática da regulamentação como forma de combate à problemática.
Outrossim, destaca-se o machismo como impulsionador da violência contra a mulher. Segundo Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se que o preconceito de gênero pode ser encaixado na teoria do sociólogo, uma vez que, se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, o fortalecimento do pensamento da exclusão feminina, transmitido de geração a geração, funciona como forte base dessa forma de agressão, agravando o problema no Brasil.
Entende-se, portanto, que a continuidade da violência contra a mulher na contemporaneidade é fruto da ainda fraca eficácia das leis e da permanência do machismo como intenso fato social. A fim de atenuar o problema, o Governo Federal deve elaborar um plano de implementação de novas delegacias especializadas nessa forma de agressão, aliado à esfera estadual e municipal do poder, principalmente nas áreas que mais necessitem, além de aplicar campanhas de abrangência nacional junto às emissoras abertas de televisão como forma de estímulo à denúncia desses crimes. Dessa forma, com base no equilíbrio proposto por Aristóteles, esse fato social será gradativamente minimizado no país.
arhon
Competência I – 180
Períodos muito longos que atrapalham a fluidez na hora da leitura. Eu acho também que o verbo ‘aplicar’ (linha 10 do quarto parágrafo) ficou ilógico: campanhas não são aplicadas.
Competência II – 200
Proposta compreendida de forma integral e com bom aproveitamento do tema para o desenvolvimento da redação
Competência III – 180
Fatos, argumentos e alusões foram muito bem selecionados, porém, não vi nenhum dado estatístico (não sei se haviam dados estatísticos nos textos motivadores) e acho que o fato social de Durkheim já é um argumento genérico.
Competência IV – 180
Aparato linguístico muito bem utilizado, conectivos bem desenvolvidos e conexão entre a alusão principal e a conclusão. A única parte que achei que ficou um pouco deficiente foi a conexão entre os parágrafos do texto; já que não havia nenhuma, ficou parecendo que eram de textos completamente diferentes.
Competência V – 120
Propostas vazias. Você citou o governo, mas o governo em parceria com qual órgão? Com qual ministério? Como agiriam? A qual resultado isso levaria? Essa parte do texto não precisa ser muito “pomposa”, apenas contar a sua proposta com muitos detalhes.
Nota final: 840
*Corrigido com base no manual de correção, disponível no site do INEP.