Entre a saúde e o preconceito: o problema da obesidade e do sobrepeso no Brasil

No contexto do Renascimento, a obra “Homem Vitruviano” de Leonardo Da Vinci representa a perfeição em forma de corpo humano baseado na simetria e beleza. Sob essa perspectiva, criou-se um padrão estético na sociedade, que levou à busca por tal imagem e sua associação com uma saúde favorável. Concomitantemente, o sobrepeso e a obesidade cresceram e enfrentaram tais preceitos, estabelecendo relações de estigmas a serem mitigadas e preocupações reais de alienação a serem analisadas.

A princípio, é imperioso destacar o preconceito, muitas vezes velado, construído a partir de ideais e visões falhas a respeito da obesidade. À medida que o excesso de peso se expande na sociedade, sendo uma realidade para mais de 18% da população, a gordofobia já esteve presente para mais de 92% dos brasileiros, segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística. Tal discriminação provém da associação de uma deficiência na saúde a tal condição, que muitas vezes se mostra errônea. Tais visões comprometem o desenvolvimento da autoestima e da aceitação pessoal de um indivíduo ao passo que se tornam entraves na inclusão e participação social.

No mesmo cenário, a dependência tecnológica possui papel tanto na ampliação da situação da obesidade como na formação de um indivíduo crítico. Nesse contexto, segundo a Escola de Frankfurt, a tecnologia surge para alienar os indivíduos, e em confirmação, a imagem de evolução atribuída ao avanço tecnológico ofusca a dependência criada dele e a abstração da opinião própria pelos padrões midiáticos. De certo modo, ambos estão relacionados e crescem em conjunto, contribuindo para o aumento da obesidade no país devido ao sedentarismo aliado a péssimos hábitos alimentares, e pelo padrão estético construído pela sociedade e difundido rapidamente pela tecnologia e suas mídias.

Destarte, fundamentam-se os impasses relacionados à obesidade no país, a serem abrandados. Portanto, é de suma importância que o Ministério da Saúde inclua, em farmácias e postos de saúde, indicações para a regulação do peso, sem assumir senso crítico a respeito, por meio de tecnologias interativas, ao passo que campanhas e publicidades devem intensificar a valorização por outros estilos de corpos. Dessa forma, será possível controlar a obesidade no país e combater a visão de perfeição estética idealizada inicialmente pelo Homem Vitruviano.