ENEM- O Tabajismo entre jovens no Brasil

A convenção quadro da OMS para controle do tabaco (CQCT/OMS)- adotada pela Assembleia Mundial da Saúde em 2003 e vigorada a partir de 2005- determina a adoção de medidas intersetoriais para atenuar o efeito do tabagismo na sociedade. Embora o Brasil aplique as medidas da CQCT através da “Política Nacional de controle do Tabaco” desde 2005, a crescente adesão de jovens, à prática de fumar, tem causado preocupação. Nesse viés, é preciso analisar a exposição a cultura do cigarro e a facilidade de acesso relacionada à problemática.

Em primeiro plano, deve-se considerar as influências sociais recebidas diariamente, sejam vindas do círculo social onde o indivíduo está inserido ou da mídia cinemática. Segundo relatório publicado pelo grupo antifumo Truth Initiative mais de 70% dos filmes e séries voltados aos jovens, da plataforma de stream Netflix, contém cenas com fumantes, já de acordo com estudo publicado na revista britânica Thorax- jornal voltado a medicina e a ciência-, os adolescentes que são mais expostos a filmes com cenas do tipo têm 73% mais chance de experimentar um cigarro e 50% mais chance de se tornar fumante. Assim, considerando que a classificação indicativa para filmes da categoria varia entre 12 a 16 anos, é inadmissível a falta de normas que restrinjam o contato assíduo com personagens fumantes e tal fonte de incentivo ao tabagismo juvenil.

Em segundo plano, vale salientar que apesar das medidas que proíbem a venda de cigarro a menores de 18 anos vigorarem no país a tempos, essas dificilmente são seguidas à risca, já que não são raras as vezes em que crianças e adolescentes são vistos comprando-os. Ademais existe também a venda desses produtos a pedido dos pais, o que se evidencia, por exemplo, na minissérie “O Gambito da Rainha”, em que logo nos primeiros episódios a protagonista Beth recorre a venda local para comprar cigarros a pedido da mãe adotiva, esses que são vendidos a garota por essa carregar um bilhete a autorizando a comprá-los. De maneira análoga, o mesmo acontece na realidade, o que apenas estimula os jovens a procurarem os comércios com bilhetes falsos ou simplesmente alegando que vão comprar para os pais; e os vendedores, já acostumados com o pedido dos responsáveis, acabam os vendendo.

Portanto, é evidente a urgência com a qual medidas devem ser tomadas. Desse modo, cabe ao governo federal desenvolver as bases do PNCT (Programa Nacional do controle ao tabagismo), por meio de reuniões periódicas de governança, com pautas relativas a venda de produtos fumígenos, tal como ações educativas, intervenções em instituições de ensino, campanhas publicitárias e medidas legislativas que impeçam e punam devidamente a venda de tais produtos a menores de 18. Ademais, o governo também deve estipular medidas que incentivem grandes emissoras e meios midiáticos a produzir conteúdos que tratem sobre os riscos relacionados ao consumo de tais produtos, a fim de conscientizar a população. Espera-se com isso prevenir a iniciação ao tabagismo e colaborar com a CQCT/OMS.