{ENEM} O problema da padronização corporal

Na série “Insatiable”, da Netflix, é retratada a vida de uma jovem que fez mudanças em seu corpo para se encaixar no padrão de beleza imposto pela sociedade. Nessa perspectiva, observa-se uma semelhança com a realidade hodierna, uma vez que o culto à padronização corporal também é visível. Isso ocorre devido ao envolvimento midiático e ao preconceito social.

Sob esse viés, é mister ressaltar a participação da mídia no que se refere à disseminação do padrão estético. Segundo o filósofo Walter Benjamin, os veículos de comunicação visam apenas o lucro. Com base nisso, vale salientar que os meios digitais têm um grande poder de influência, já que muitos deles promovem produtos estéticos e quanto mais internautas consumidores, maior é a remuneração. Nessa perspectiva, o problema reside no fato de que as pessoas são competidas a comprar devido à influência, o que gera indivíduos alienados, os quais, muitas vezes, fazem de tudo para obter o corpo ideal com o uso dos produtos. Desse modo, o cenário atestado pelo pensamento do filósofo comprova a dominação sofrida pela população.

Ademais, destaca-se que a discriminação é um dos fatores que impulsiona a busca pelo padrão corporal. De acordo com o psicanalista Sigmund Freud, o corpo social tende a inferiorizar o que é diferente. Tal citação se encaixa perfeitamente ao conceito do preconceito, uma vez que, mesmo com a evolução intelectual e tecnológica, ainda é possível perceber a continuação de pensamentos retrógrados discriminatórios em relação à aparência alheia. Dessa forma, com a falta de aceitação do próximo, muitas pessoas vão em busca de procedimentos estéticos invasivos, que resultam em uma supervalorização de cirurgias padronizadoras. Com efeito, essas mudanças corporais disseminam um ideal de beleza inalcançável naturalmente, o qual gera a frustação por parte de muitas pessoas originada pelo preconceito.

Portanto, verifica-se a necessidade de combater o culto à padronização dos corpos. Para que isso ocorra, as mídias, como o Instagram e Tik Tok, devem criar campanhas que tragam visibilidade ao que é considerado diferente, por meio de postagens nas redes sociais, com o fito de promover a aceitação à diversidade corporal e fazer com que os internautas se sintam confiantes. Outrossim, cabe ao Ministério da Educação trazer informação aos alunos sobre a importância de respeitar o próximo independente da sua aparência, por intermédio das escolas. Assim, o ocorrido na série “Insatiable” não será mais vivenciado.